O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta segunda-feira (4) aumentar “significativamente” a tarifa de 25% que planeja impor aos produtos da Índia. A justificativa, segundo ele, é o fato de o país asiático continuar comprando grandes quantidades de petróleo russo, apesar da guerra na Ucrânia.
“Eles não se importam com o número de pessoas mortas na Ucrânia pela máquina de guerra russa”, escreveu Trump em sua plataforma Truth Social. “Por isso, aumentarei significativamente as tarifas pagas pela Índia aos Estados Unidos”, afirmou, referindo-se à sobretaxa que entra em vigor a partir de quinta-feira.
O plano de Trump, que visa “reequilibrar” o comércio exterior americano, também inclui tarifas sobre produtos da União Europeia e de outros países que, segundo a Casa Branca, colaboram indiretamente com o financiamento da guerra russa por meio da compra de energia.
Além de classificar o comportamento da Índia como “lucrativo”, o presidente americano acusou Nova Déli de revender parte do petróleo russo nos mercados internacionais, lucrando com a guerra. “Eles estão ganhando enormes quantias de dinheiro”, disparou.
Índia rebate com dureza e expõe contradições
Horas após as declarações, o Ministério das Relações Exteriores da Índia classificou como “injustificadas” as ameaças feitas por Washington e Bruxelas. Em nota oficial, o porta-voz Randhir Jaiswal afirmou que Nova Déli tomará todas as medidas necessárias para proteger seus interesses nacionais e sua segurança econômica.
“Atacar a Índia é injustificado e irracional. Como todas as principais economias, responderemos para preservar nossos interesses”, declarou.
O governo indiano destacou que o aumento das importações russas se deu após o desvio de suprimentos tradicionais de energia para a Europa, no início do conflito. “Nossa relação com a Rússia é estável e comprovada. Não deve ser vista sob o prisma de um terceiro país”, reforçou Jaiswal, também pelas redes sociais.
Acusações de hipocrisia
A diplomacia indiana acusou os Estados Unidos e a União Europeia de agirem com dois pesos e duas medidas. “Washington incentivou essas importações para garantir a estabilidade dos mercados globais”, disse o porta-voz, ao lembrar que os países ocidentais continuam mantendo relações comerciais com Moscou.
“O comércio entre a Europa e a Rússia vai além da energia, incluindo fertilizantes, produtos químicos, ferro, aço, máquinas e equipamentos”, afirma a nota. Em relação aos EUA, a Índia cita importações americanas de hexafluoreto de urânio, paládio, fertilizantes e produtos químicos russos.
Parceria vital
Os Estados Unidos são hoje o maior parceiro comercial da Índia, que exporta cerca de US$ 87,4 bilhões em produtos para o mercado americano. Uma elevação de tarifas, especialmente em um cenário de disputa geopolítica e energética, pode estremecer ainda mais uma relação bilateral tida como estratégica nos últimos anos.
