Os Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira (4) duas medidas que impactam diretamente a política de vistos do país: a exigência de caução de até US$ 15 mil (cerca de R$ 82 mil) para alguns solicitantes de vistos de turismo e negócios e o início da venda dos chamados “Gold Cards” — vistos especiais para imigrantes ricos que desejam obter cidadania americana.
A nova regra de caução será implementada em caráter experimental a partir de 6 de agosto. De acordo com o Departamento de Estado, o programa-piloto terá duração de 12 meses e se aplicará a estrangeiros que solicitarem os vistos B-1 (negócios temporários) e B-2 (turismo, lazer ou tratamento médico). A medida tem como objetivo coibir a permanência de visitantes além do período autorizado.
Já o “Gold Card”, anunciado em abril, exige um investimento de US$ 5 milhões (cerca de R$ 30 milhões). O novo visto dá acesso facilitado à cidadania e, segundo o presidente Donald Trump, oferece mais privilégios que o tradicional Green Card. A proposta é atrair investidores capazes de gerar empregos e fortalecer a economia americana.
O secretário do Comércio, Howard Lutnick, declarou que o programa deve substituir o atual EB-5, que já concede residência permanente a estrangeiros mediante criação de empregos ou investimento nos EUA. Segundo ele, o EB-5 sofre com fraudes e está “barato demais”.
Entre as novidades do Gold Card, estão o controle rigoroso sobre os solicitantes, que serão analisados por autoridades americanas, e a possibilidade de empresas dos EUA comprarem vistos para trabalhadores especializados. Trump também destacou que o cartão é parte de um plano para reduzir o déficit fiscal do país.
O anúncio gerou reações no exterior. Modelos semelhantes de vistos “dourados” na Europa foram criticados por riscos de segurança e lavagem de dinheiro. Países como Reino Unido, Portugal e Espanha já encerraram ou limitaram seus programas após recomendações da Comissão Europeia.
Nos Estados Unidos, jornalistas questionaram Trump sobre a possível entrada facilitada de oligarcas russos. “Sim, possivelmente. Eu conheço alguns oligarcas russos que são pessoas muito boas”, respondeu o presidente.
As duas medidas, apesar de diferentes, indicam uma reconfiguração na política migratória americana: maior rigor com estrangeiros de curta permanência e incentivos para milionários interessados em investir no país.