Um site dedicado a fãs de Star Wars serviu secretamente como ferramenta de comunicação para a CIA, revelou o jornal 404 Media nesta segunda-feira (26). A página, chamada starwarsweb.net, parecia um espaço comum para entusiastas da franquia, mas fazia parte de uma rede clandestina da agência de inteligência dos Estados Unidos para contato com agentes infiltrados em diferentes países.
A descoberta foi feita pelo pesquisador de segurança digital Ciro Santilli, que identificou o domínio ao cruzar dados de IPs, imagens antigas e registros de internet armazenados no Wayback Machine. Segundo ele, a CIA criou outros sites semelhantes, com temas variados como esportes radicais, comédia e até música brasileira. Os alvos dessa rede incluíam países como Alemanha, França, Espanha e Brasil.
O funcionamento do site era engenhoso na simplicidade: enquanto o público comum acessava conteúdos sobre jogos e produtos de Star Wars, agentes podiam digitar uma senha específica na barra de busca e serem redirecionados a um canal seguro de comunicação com a CIA.
O caso faz parte de uma história maior. Em 2018, o Yahoo News revelou que canais secretos da agência foram comprometidos a partir do Irã. Em 2022, a Reuters detalhou como o informante Gholamreza Hosseini foi identificado após falhas operacionais, como o uso de IPs sequenciais. Santilli se baseou nessas informações e, usando ferramentas abertas e gratuitas, seguiu rastros digitais para desvendar mais domínios da rede.
“O mais simples a dizer: sim, a CIA realmente tinha um site de fãs de Star Wars com um sistema secreto de comunicação”, afirmou Zach Edwards, especialista em cibersegurança. Ele classificou as descobertas de Santilli como “muito consistentes”.
No starwarsweb.net, o conteúdo parecia inocente: links para jogos como Star Wars Battlefront 2 e The Force Unleashed II, além de uma loja online com o slogan “So you wanna be a Jedi?”. Uma imagem de Yoda completava o clima com a frase “Você vai gostar desses jogos”.
Para Santilli, o valor histórico da revelação compensa os riscos. “É como visitar um museu. É legal poder ver um dispositivo espião digital ‘ao vivo’”, afirmou. Segundo o 404 Media, a CIA não respondeu aos pedidos de comentário sobre o caso.