A tensão entre Colômbia e Peru aumentou devido a uma disputa pela ilha de Santa Rosa, localizada na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, no rio Amazonas. O conflito, que começou com questões diplomáticas, ganhou contornos militares nesta semana, com ambos os países deslocando tropas para a região.
A ilha de Santa Rosa surgiu recentemente a partir da sedimentação no rio Amazonas, dentro da área considerada pela jurisdição peruana, conforme divisão feita há quase cem anos. No início de agosto, o governo peruano posicionou militares na ilha e hasteou diversas bandeiras do país, afirmando sua soberania sobre o território.
O presidente colombiano Gustavo Petro reagiu criticando a ação e solicitou explicações sobre o envio de tropas peruanas para a ilha, afirmando que a soberania sobre o território ainda não foi decidida. Para demonstrar força, Petro visitou a cidade de Letícia, no lado colombiano da tríplice fronteira, onde reforçou o posicionamento do país.
Na sequência, o primeiro-ministro peruano Eduardo Arana e ministros também visitaram a região. A imprensa local relatou ainda suposto sobrevoo de aviões militares colombianos em espaço aéreo peruano, aumentando a tensão.
O principal ponto da disputa é que a ilha de Santa Rosa não consta nos tratados de fronteira firmados entre os países, já que é uma formação recente no rio. Petro defende a realização de uma nova convenção para tratar da questão, enfatizando que o rio Amazonas deve contemplar margens para todos os países envolvidos.
Fatia ameaçada: Rio Amazonas pode mudar de curso e afetar território colombiano
Outro fator agravante é que o rio Amazonas tem apresentado diminuição de seu leito e instabilidade no fluxo, o que pode causar, até 2030, a alteração definitiva do seu curso. Projeções indicam que o rio poderá direcionar totalmente seu fluxo para o lado peruano, o que faria a cidade colombiana de Letícia perder seu acesso direto ao Amazonas, comprometendo sua posição estratégica.
Arnold Pérez, morador da ilha e entrevistado pela rádio colombiana Caracol, afirmou que “tudo aqui é e sempre foi peruano: a comida, as pessoas, as escolas, a bandeira”, reforçando a reivindicação do Peru sobre a região.
A escalada do conflito envolve também preocupações com a segurança regional e possíveis impactos na tríplice fronteira. O Brasil acompanha de perto a situação, que pode requerer negociações multilaterais para garantir estabilidade e respeito aos direitos das populações locais.