O Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT) arquivou o inquérito que investigava a suposta participação de Christian Albino Cebalho de Arruda, esposo da autora confessa do crime, além de Aledson Oliveira da Silva e Cícero Martins Pereira Júnior, no brutal assassinato de Emelly Azevedo Sena, adolescente de 16 anos grávida de oito meses.
O crime, que chocou Cuiabá e ganhou repercussão nacional, aconteceu no dia 12 de março deste ano, no bairro Jardim Florianópolis.
Em manifestação assinada pelo promotor Rinaldo Segundo, da 27ª Promotoria de Justiça Criminal da Capital, o arquivamento se baseia na ausência de qualquer indício que comprovasse envolvimento dos três homens nos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
A adolescente foi morta após ser atraída até a residência onde vivia Nataly Helen Martins Pereira, que admitiu ter assassinado Emelly para retirar o bebê do ventre e simular uma gravidez.
Após o crime, Nataly tentou registrar a criança como sua, sendo presa junto com o marido, Christian, no hospital. As prisões preventivas também atingiram o irmão dela, Cícero, e o amigo da família, Aledson.
Entretanto, ao longo da investigação conduzida pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), ficou claro que Christian, companheiro da autora, também foi enganado. Chefe de cozinha, ele mantinha uma rotina de trabalho no momento do crime e acreditava na falsa gravidez da esposa.
A perícia técnica no celular compartilhado pelo casal não encontrou qualquer mensagem, conversa ou conteúdo que sugerisse participação ou ciência prévia do plano macabro.
Aledson, por sua vez, comprovou que atuava como motorista de aplicativo no dia dos fatos, apresentando registros de corridas.
O acesso ao hospital, onde Nataly buscava atendimento, foi a pedido da própria família e não configurou envolvimento direto ou indireto com a ação criminosa.
Já Cícero, irmão da acusada e dono do imóvel usado para o assassinato e ocultação do corpo, também apresentou álibi. Trabalhava em uma obra de construção civil no momento em que o crime foi cometido.
A chave da casa permanecia escondida em local conhecido pelos familiares, o que permitiu que Nataly agisse sem que o irmão tivesse conhecimento.
Com base na análise de todo o material extraído dos celulares dos investigados incluindo mensagens, ligações, histórico de localização e arquivos diversos , a promotoria concluiu que nenhum elemento ligava os três homens ao crime.
“Foram vítimas de uma farsa”, resumiu o promotor Rinaldo ao decidir pelo arquivamento com base no artigo 28 do Código de Processo Penal.
A responsável pelo feminicídio, Nataly Helen, segue respondendo criminalmente pela morte de Emelly Sena e permanece presa preventivamente. O caso é um dos mais bárbaros já registrados na capital mato-grossense.