O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta segunda-feira (17) uma acareação entre o tenente-coronel Mauro Cid e o general da reserva Walter Braga Netto, ambos réus na ação penal que apura tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
A decisão atende a um pedido da defesa de Braga Netto, que acusa Mauro Cid de não apresentar provas materiais nas declarações em que o envolve na suposta conspiração golpista. Segundo os advogados do general, o conteúdo da delação premiada de Cid é “frágil” e sem evidências que sustentem a gravidade das acusações.
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), é apontado pela Polícia Federal como um dos principais operadores logísticos do plano para manter o ex-presidente no poder. Já Braga Netto, candidato a vice de Bolsonaro em 2022 e ex-ministro da Defesa, é citado como parte do alto comando militar que teria articulado a subversão do resultado eleitoral.
A acareação — encontro frente a frente entre acusador e acusado — será conduzida pelo próprio STF e ocorrerá ainda na fase de instrução do processo, com todas as garantias legais às partes envolvidas.
A delação de Mauro Cid, considerada peça central no inquérito, passou a ser questionada por outras defesas após vir à tona mensagens e possíveis contatos ilegais com advogados e réus, o que pode colocar em xeque sua credibilidade. A Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda não se manifestou sobre o caso.