A Americanas, varejista histórica brasileira que atravessa um longo processo de recuperação judicial, divulgou nesta quarta-feira (14/5) um prejuízo líquido de R$ 496 milhões no primeiro trimestre de 2025. O número contrasta fortemente com o lucro de R$ 453 milhões registrado no mesmo período do ano passado.
Segundo a companhia, o resultado foi impactado pela contabilização de outras receitas no valor de R$ 1,3 bilhão, decorrentes da execução de seu plano de recuperação judicial. A receita líquida consolidada somou R$ 3,1 bilhões entre janeiro e março, queda de 17,4% em relação ao primeiro trimestre de 2024.
Além disso, o desempenho operacional refletiu o descasamento do calendário da Páscoa — principal evento do varejo no primeiro semestre — que, neste ano, ocorreu apenas no segundo trimestre.
O Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou negativo em R$ 20 milhões, contra um resultado positivo de R$ 243 milhões no mesmo período do ano passado. A dívida bruta da companhia, ao fim de março, era de R$ 1,8 bilhão.
Reflexos do maior escândalo corporativo do Brasil
A Americanas segue sob os efeitos do escândalo contábil revelado em 11 de janeiro de 2023, quando a empresa informou ter identificado “inconsistências contábeis” estimadas, à época, em R$ 20 bilhões — valor que hoje chega a cerca de R$ 25 bilhões, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
Em abril de 2025, o MPF denunciou 13 ex-executivos e ex-funcionários da companhia por crimes como associação criminosa, falsidade ideológica e manipulação de mercado. Entre os nomes citados estão Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas; Anna Saicali, ex-CEO da B2W; e os ex-vice-presidentes Thimoteo Barros e Marcio Cruz.
Os acionistas de referência da empresa — Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira — não foram denunciados.
Mais de dois anos após o estouro do caso, a Americanas ainda luta para se reerguer e reconquistar a confiança do mercado.