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Coluna Mila Schneider Segunda-feira, 02 de Junho de 2025, 14:35 - A | A

Segunda-feira, 02 de Junho de 2025, 14h:35 - A | A

CONFLITO EM GAZA

Fome, poeira e propaganda mentirosa: a farsa por trás das refeições que não existem

Números que não fecham: Gaza Humanitarian Foundation declara mais refeições do que seria possível entregar

Mila Schneider Lavelle

 

Em meio ao agravamento da crise humanitária na Faixa de Gaza, uma organização chamada Gaza Humanitarian Foundation (GHF) divulgou que teria distribuído mais de 2.170.822 refeições em apenas quatro dias de operação emergencial. A notícia foi amplamente repercutida nas redes sociais e utilizada por apoiadores da causa palestina como prova de ação eficaz e ágil. No entanto, uma análise técnica simples dos próprios dados fornecidos pela GHF revela um descompasso matemático relevante e alarmante.
As contas não batem.

 

A própria GHF afirma que cada caixa de alimentos distribuída contém o suficiente para três refeições diárias durante quatro dias para uma família de cinco pessoas. Com base nisso, o cálculo por caixa seria:

3 refeições x 4 dias x 5 pessoas = 60 refeições por caixa

 

Agora, multiplicando pelo total de caixas distribuídas (segundo o comunicado da GHF, foram 23.040 caixas):

23.040 caixas x 60 refeições = 1.382.400 refeições

 

Porém, a organização afirma ter entregue 2.170.822 refeições. A diferença entre os números declarados e o que seria possível entregar com a quantidade de caixas descrita é de:

2.170.822 – 1.382.400 = 788.422 refeições inexplicáveis
Este número não pode ser justificado apenas com variações logísticas e revela uma grave inconsistência que coloca em xeque a confiabilidade dos dados oficiais da GHF.

 

A inconsistência continua na distribuição diária

A fundação também declarou que no ponto de distribuição de Tel Sultan, na fronteira entre Egito e Gaza, foram entregues 5.760 caixas em um único dia, totalizando segundo eles 332.640 refeições.

 

Aplicando novamente o cálculo padrão:

5.760 caixas x 60 refeições = 345.600 refeições

Ou seja, nesse caso o número oficial é menor do que o que os próprios dados da organização sugerem.

 

 

Reprodução internet

FOME GAZA

 

 

Erros ou manipulação?Erros ou manipulação?
As contradições nos números levantam duas hipóteses inevitáveis: 1. Desorganização e falta de controle interno, o que seria gravíssimo em uma operação com esse alcance; 2. Manipulação deliberada de números para inflar resultados, o que, se confirmado, compromete profundamente a legitimidade da ação da GHF.


Em ambos os casos, a situação exige respostas públicas e auditoria independente.


A urgência da transparência


A crise em Gaza é real. Centenas de milhares de civis enfrentam fome, deslocamento forçado, colapso sanitário e violência. Isso torna ainda mais inadmissível que organizações que se apresentam como humanitárias não consigam apresentar dados coerentes ou auditáveis sobre suas próprias operações.


Se a GHF de fato está realizando um esforço relevante de assistência, ela precisa urgentemente: • Publicar relatórios auditados por organismos neutros • Divulgar os nomes dos financiadores • Explicar publicamente a origem dessas inconsistências
Sem isso, o risco de cooptação por grupos extremistas, desvio de recursos e manipulação da opinião pública se torna real e inaceitável.

 

 

 

Arquivo pessoal

MILA COM LEGENDA

Mila Schneider Lavelle é jornalista com formação também em teologia e especialista em Marketing, tendo atuado como Head Manager de grandes projetos internacionais e nacionais. Reconhecida por sua análise crítica e estilo incisivo, é também influenciadora digital, com ênfase em geopolítica e temas internacionais, sobretudo ligados ao Oriente Médio.


 


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