menu
30 de Maio de 2025
facebook instagram whatsapp
lupa
menu
30 de Maio de 2025
facebook instagram whatsapp
lupa
fechar

Coluna Mila Schneider Quarta-feira, 28 de Maio de 2025, 18:14 - A | A

Quarta-feira, 28 de Maio de 2025, 18h:14 - A | A

RADICALISMO QUE MATA

Ataque brutal tira a vida de jovens diplomatas e expõe avanço do ódio ideológico

Yaron Lischinsky e Sarah Lynn Milgrim simbolizavam o diálogo entre povos; suas mortes revelam o avanço alarmante do ódio ideológico e do antissemitismo no cenário global

Mila Schneider Lavelle

 

Na noite de 21 de maio de 2025, em frente ao Museu Judaico da Capital, em Washington, D.C., o mundo perdeu dois jovens cuja vida era, até ali, a expressão do idealismo e da esperança. Yaron Lischinsky, de 30 anos, e Sarah Lynn Milgrim, de 26, não eram apenas funcionários da Embaixada de Israel. Eram embaixadores da paz, da convivência entre povos e de uma nova geração que escolheu o diálogo em meio ao conflito.

 

O crime foi direto, frio e covarde. Um homem armado os surpreendeu ao deixarem um evento institucional e disparou vários tiros, assassinando o casal no local. Segundo testemunhas, ele gritava slogans políticos, revelando um ódio que transcendia o momento e apontava para um atentado antissemita. A investigação confirma que não se tratou de um ato isolado, mas sim de um crime motivado por preconceito, radicalismo e ideologia.

 

Reprodução

YARON

Yaron Lischinsky: entre fé, história e missão

 

Nascido em Nuremberg, na Alemanha, Yaron carregava em sua própria origem as marcas profundas da história europeia. De mãe cristã e pai judeu, ainda adolescente decidiu migrar para Israel. Lá serviu nas Forças de Defesa de Israel (IDF) e, mais tarde, formou-se em Relações Internacionais e Estudos Asiáticos pela Universidade Hebraica de Jerusalém.

 

Já nos Estados Unidos, era uma das figuras mais respeitadas do corpo diplomático israelense em Washington. Atuava no departamento político da embaixada, monitorando questões sensíveis da política do Oriente Médio e dialogando com centros estratégicos de pensamento. Mas mais do que um técnico, Yaron era um homem de convicções. Religioso, discreto e profundamente engajado no combate ao antissemitismo, ele acreditava que o serviço diplomático era uma missão espiritual e histórica.

 

Reprodução

SARAH

 

 

Sarah era americana, nascida no Kansas, mas sua alma pertencia ao mundo. Estudou meio ambiente e relações internacionais, com passagens por universidades em Washington e pela Universidade para a Paz, das Nações Unidas, na Costa Rica. Desde muito jovem, envolveu-se com causas humanitárias, promovendo o diálogo entre povos especialmente entre israelenses e palestinos por meio de tecnologia e inovação.

 

Sarah tinha uma doçura visível, mas sua doçura não anulava a coragem. Ela defendia o Estado de Israel com firmeza, mas nunca perdeu o olhar humano sobre todos os lados do conflito. Em Israel, participou de projetos que conectavam jovens de diferentes origens. Na embaixada, cuidava de visitas diplomáticas e projetos culturais, e era vista como uma ponte entre realidades complexas.

 

Uma história de amor e de futuro interrompida

Yaron e Sarah estavam apaixonados. Tinham planos de vida. Estavam prestes a viajar para Jerusalém, onde ele, em segredo, havia preparado um pedido de casamento. O anel, comprado dias antes do crime, foi encontrado no bolso de Yaron. Um detalhe que, por si só, dilacera qualquer coração humano.

 

Reprodução

YARON E SARAH

Sarah Lynn Milgrim: juventude, idealismo e coragem

 

Eles representavam o que há de mais bonito na diplomacia: a entrega de vidas jovens e talentosas a um ideal maior. Eles não estavam ali por status ou salário. Estavam porque acreditavam na ponte que pode existir entre culturas, religiões, histórias e povos e decidiram ser essa ponte.

 

Silêncio internacional e dever de memória

O assassinato de Yaron e Sarah não é um fato isolado. É parte de uma escalada preocupante de ataques contra judeus em diversas partes do mundo. Em plena capital dos Estados Unidos, sob os olhos do mundo, dois representantes do Estado de Israel foram assassinados por serem quem eram.

 

Mais do que exigir justiça — o que é essencial — o momento exige memória e ação. Os dois não podem ser esquecidos como apenas “funcionários mortos em serviço”. Eles eram pessoas, com passado, com fé, com história. Eram um casal. Eram jovens. E agora são símbolos.

 

O legado que fica

Yaron e Sarah deixaram um rastro de luz em todos os espaços por onde passaram. Seus nomes agora pertencem a algo maior: à luta por um mundo em que nenhuma ideologia justifique a morte de inocentes. Em que nenhuma fé seja motivo para virar alvo. Em que amar, trabalhar por Israel e sonhar com paz não seja uma sentença de morte.

 

Que eles descansem em paz. E que o mundo, por fim, acorde.

 



 

Arquivo pessoal

MILA COM LEGENDA

Mila Schneider Lavelle é jornalista com formação também em teologia e especialista em Marketing, tendo atuado como Head Manager de grandes projetos internacionais e nacionais. Reconhecida por sua análise crítica e estilo incisivo, é também influenciadora digital, com ênfase em geopolítica e temas internacionais, sobretudo ligados ao Oriente Médio.


Comente esta notícia