Mato Grosso vem registrando um crescimento constante no número de pessoas em situação de rua nos últimos anos. De acordo com dados do Cadastro Único (CadÚnico) analisados pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua/UFMG), o estado contabilizou 3.568 pessoas vivendo nas ruas em março de 2025, o maior número desde o início da série histórica, em 2018.
A evolução mostra um aumento de 54% em pouco mais de seis anos. Em dezembro de 2018, havia 2.311 pessoas registradas em situação de rua. Esse número saltou para 3.554 em janeiro de 2025, passou por uma leve oscilação em fevereiro (3.558) e chegou ao patamar atual no mês de março.
Embora o aumento seja expressivo, Mato Grosso representa 1,06% do total nacional, que é de 335.151 pessoas vivendo nas ruas em todo o Brasil. A capital, Cuiabá, concentra 1.563 pessoas nessa condição e ocupa o 18º lugar entre as capitais brasileiras.
Além do crescimento no número de moradores de rua, Mato Grosso também registra episódios de violência contra essa população. Entre 2020 e 2024, foram 161 casos denunciados ao Disque 100, coordenado pelo Ministério dos Direitos Humanos. A maior parte das vítimas tem entre 40 e 44 anos, faixa etária mais atingida por agressões, que ocorrem principalmente em vias públicas.
Os dados revelam que 81% das pessoas em situação de rua no país sobrevivem com até R$ 109 por mês, e mais da metade (52%) não concluiu o ensino fundamental. Essa combinação de extrema pobreza e baixa escolaridade amplia as barreiras para reinserção social e acesso ao mercado de trabalho.
A Região Centro-Oeste, onde está Mato Grosso, concentra apenas 6% da população de rua do Brasil. O Sudeste lidera com 63%, seguido pelo Nordeste (14%) e Sul (13%). Os estados com maior número de pessoas em situação de rua são São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O relatório do OBPopRua alerta para a falta de políticas públicas estruturantes voltadas à população em situação de rua. A análise enfatiza que, apesar dos esforços anunciados pelo governo federal, como a retomada de investimentos em Centros POP e capacitações para atualização cadastral, a realidade nas ruas segue marcada pela precariedade, exclusão e violência.
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