O ex-gerente de uma unidade da cafeteria Havanna, em Joinville (SC), demitido após um episódio envolvendo o padre Fábio de Melo, decidiu processar tanto o religioso quanto o estabelecimento. A informação foi confirmada nesta semana pelo Sindicato dos Trabalhadores em Turismo, Hospitalidade e de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (Sitratuh).
Em nota oficial, o sindicato repudiou a postura da empresa. “A Sitratuh vem a público manifestar veemente repúdio à conduta da empresa que demitiu um de seus empregados após a divulgação, por um influenciador religioso de grande alcance, de um vídeo nas redes sociais relatando suposto mau atendimento em uma de suas lojas”, destacou o comunicado.
O sindicato ainda afirmou que o trabalhador foi vítima de um “exposed” nas redes sociais, tendo sua imagem exposta em vídeos de câmeras internas sem qualquer apuração prévia.
De acordo com o advogado Eduardo Tocilo, a ação cível contra Fábio de Melo já foi protocolada e segue em trâmite. Além disso, está sendo preparada uma ação trabalhista contra a cafeteria, que, segundo a defesa, teria transferido toda a responsabilidade pelo episódio ao funcionário na tentativa de minimizar a repercussão negativa.
O caso ganhou repercussão no mês passado, quando o padre divulgou um relato nas redes sociais dizendo ter sido tratado com grosseria ao questionar a diferença de preço entre o valor anunciado de um pote de doce de leite e o cobrado no caixa.
Em entrevista ao programa Tá na Hora, do SBT, o ex-gerente Jair José Aguiar da Rosa negou qualquer interação com o religioso. “Eu queria que ele explicasse por que fez isso comigo. Como é visto nas câmeras de segurança, em momento algum eu falo com ele. Na verdade, quem questiona sobre esse doce de leite nem é o padre, é um cara bombadinho, bem fortinho, de regatinha vermelha. Ninguém chamou o padre. Não falei com ele, nem ele falou comigo”, afirmou.
Durante a entrevista, Jair desabafou sobre as consequências emocionais e profissionais do episódio. “Minha vida está virada, ainda não consegui absorver tudo isso. Fui obrigado a trancar a faculdade, porque estou entrando em depressão. Fui diagnosticado com três síndromes diferentes, porque a exposição foi muito grande. Tenho muito medo de sair na rua. A vergonha é muito grande”, contou.