O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (17) que enfrentará o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a suposta trama golpista para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Vou enfrentar o julgamento, não tenho alternativa”, declarou o ex-mandatário ao chegar ao Senado Federal, onde visitou o gabinete do filho, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). É a primeira vez que Bolsonaro adota um discurso de resignação diante do processo criminal.
A declaração ocorre poucos dias após o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentar o parecer final na Ação Penal nº 2.668, que acusa Bolsonaro de liderar uma organização criminosa para tentar abolir violentamente o Estado Democrático de Direito. O documento, com 517 páginas, também pede a condenação do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado, dano qualificado pela violência, grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Além de Bolsonaro, o processo inclui aliados próximos, como o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que firmou acordo de delação premiada e já apresentou suas alegações finais. Com isso, abre-se o prazo para as defesas dos demais réus, incluindo a de Bolsonaro. A previsão é que todas as manifestações estejam concluídas até 11 de agosto, e o julgamento pode ser marcado entre agosto e setembro, mesmo durante o recesso do Judiciário, já que os prazos seguem correndo normalmente.
Durante a conversa com jornalistas, Bolsonaro também comentou sobre a taxação de 50% sobre produtos brasileiros imposta pelo presidente norte-americano Donald Trump. Ele afirmou que estaria disposto a negociar com o governo dos Estados Unidos, caso tivesse autorização para deixar o país. “Se o Lula me der meu passaporte, eu negocio com o Trump”, disse. No entanto, a liberação do documento depende exclusivamente do STF, que determinou sua retenção desde 2023.
A medida tributária anunciada por Trump foi celebrada por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA desde fevereiro e admitiu ter articulado as sanções junto ao ex-presidente norte-americano. A movimentação gerou críticas entre lideranças políticas e empresariais, por afetar diretamente exportações brasileiras.
A possível condenação de Bolsonaro pelo STF pode marcar um ponto de inflexão na cena política nacional, com implicações profundas para a direita brasileira e para o próprio futuro do ex-presidente, que já foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em outra ação.
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