Nesta quarta-feira (25), o delegado da Polícia Civil de Nova Mutum, Jean Paulo Nascimento, afirmou, em coletiva de imprensa, que o disparo que matou Roseni da Silva Karnoski, de 52 anos, na noite da última terça-feira (24), não foi acidental. A vítima foi atingida com um tiro de espingarda calibre 12 na residência onde morava, na zona rural de Nova Mutum, e, apesar de ter sido levada ao Hospital Municipal, ela não resistiu aos ferimentos e faleceu.
Segundo o delegado, com base em provas técnicas e depoimentos, a hipótese de tiro acidental foi descartada. Também foi identificado um histórico de violência entre o casal.
"Nós vimos um local muito confuso e que não condizia com o que o suspeito tinha relatado inicialmente para a Polícia Militar. O próprio suspeito mudou por diversas vezes a versão. Em determinado momento ele dizia que a vítima tinha se atirado e em outro momento ele fala que ele estava manuseando a arma e aconteceu o disparo acidental, o suspeito estava embriagado e em conversa com testemunhas, todas falaram que ele se torna muito agressivo quando está embriagado", declarou o delegado.
O delegado também detalhou as informações técnicas sobre o disparo, destacando indícios importantes sobre a dinâmica do crime: "O tiro na vítima está localizado na região do peito, mas os projéteis se alojaram na região do abdômen demonstrando, em conversas com o perito, a vítima provavelmente estava deitada quando recebeu o tiro e a mão apresentava ferimentos de defesa", acrescentou o delegado.
Entenda o caso
Roseni da Silva Karnoski morreu após ser atingida por um tiro de espingarda na comunidade Distrito de Ranchão, zona rural de Nova Mutum, a 269 km de Cuiabá, na terça-feira. Segundo a Polícia Militar, o principal suspeito é o marido da vítima, de 57 anos, que foi encontrado apresentando sinais de embriaguez.
Roseni foi levada ao Hospital Hilda Strenger Ribeiro, onde recebeu atendimento, mas não resistiu após sofrer três paradas cardíacas.
No local, uma equipe da PM encontrou a espingarda calibre 12 sobre o sofá, marcas de sangue espalhadas pela casa, uma porta danificada e munições de outro calibre sobre a geladeira.
Em 2021, Valdecir havia tentato matar a esposa e em decorrência da situação de violência doméstica, ele perdeu o registro de de Colecionador, Atirador e Caçador (CAC). Com isso, ele obrigou a esposa a tirar o registro para que continuasse tendo acesso às armas de fogo. Tanto é que as armas apreendidas na casa, inclusive a espingarda calibre 12, estavam em nome de Roseni.
“Ele sempre teve arma de fogo e entende bastante. Todas as armas apreendidas estavam no nome da vítima porque o suspeito teve o seu CAC suspenso devido ao crime de violência doméstica. Ele fez com que a vítima retirasse as armas de fogo no nome dela e fizesse um CAC no nome dela”, disse. "Ele é um sujeito que vem manuseando arma de fogo há muito tempo e dificilmente produziria um disparo não intencional", completou o delegado.
Valdecir foi autuado em flagrante pelo crime de feminicídio. Após prestar esclarecimentos ele será encaminhado para audiência de custódia.