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Em um discurso contundente na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, nesta quarta-feira (25), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu o fim imediato da guerra com a Rússia e fez críticas diretas ao papel de países como Brasil e China nas tentativas de mediação do conflito. Zelensky destacou que o “Nobel da paz é fazer Putin parar” de atacar a Ucrânia, reiterando sua posição firme contra qualquer negociação com a Rússia enquanto Vladimir Putin estiver no poder.
O líder ucraniano demonstrou ceticismo em relação às tentativas de mediação do Brasil e da China, levantando dúvidas sobre o "real interesse" desses países no término da guerra. "Vocês não aumentarão seus poderes à custa da Ucrânia", afirmou Zelensky, referindo-se aos esforços de intermediação. Segundo ele, propostas alternativas para encerrar o conflito acabam por favorecer politicamente a Rússia, permitindo que Moscou prolongue as hostilidades.
Brasil busca papel de mediador
Desde 2022, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva vem expressando o desejo de atuar como mediador em um diálogo de paz entre a Rússia e a Ucrânia. Em maio de 2024, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, viajou a Kiev e se reuniu com Zelensky. No entanto, o presidente ucraniano deixou claro durante a reunião que o único plano de paz aceitável para a Ucrânia é o elaborado por seu próprio governo, rejeitando as propostas brasileiras.
Zelensky enfatizou mais uma vez que não pretende aceitar mediações que, em sua visão, possam beneficiar a Rússia. Ele também reforçou a exigência de um cessar-fogo imediato, deixando clara sua posição de não negociar com Moscou enquanto Putin permanecer no poder.
China também enfrenta resistência
O presidente chinês Xi Jinping também se ofereceu como mediador para encerrar o conflito. Em abril deste ano, Xi conversou com Zelensky por telefone e apresentou uma proposta de paz. No entanto, a Ucrânia rejeitou a oferta, mantendo a postura firme de que a única solução viável é o plano de paz ucraniano, que exige a retirada total das tropas russas e o restabelecimento da integridade territorial do país.
O discurso de Zelensky na ONU foi mais um apelo à comunidade internacional para que tome medidas mais contundentes contra a Rússia. Ele ressaltou que o apoio militar e econômico à Ucrânia é crucial para encerrar o conflito, que já dura mais de um ano e meio, e afirmou que quaisquer negociações que não imponham um fim imediato à guerra apenas prolongam o sofrimento de seu povo.
A fala do presidente ucraniano ecoa a divisão geopolítica que o conflito gerou, com várias nações ocidentais apoiando a Ucrânia e outras, como Brasil e China, buscando um papel mais diplomático na tentativa de encerrar a guerra. Contudo, Zelensky deixou claro que, para ele, não há espaço para acordos que não garantam a soberania total de seu país frente à agressão russa.