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MUNDO Segunda-feira, 09 de Junho de 2025, 11:07 - A | A

Segunda-feira, 09 de Junho de 2025, 11h:07 - A | A

CRISE NA INDÚSTRIA

Setor automotivo entra em pânico com escassez de ímãs de terras raras

Restrição de exportações da China ameaça parar fábricas na Europa e pressiona montadoras a buscarem alternativas emergenciais

Da redação

 

A indústria automotiva global vive mais um momento de tensão em sua cadeia de suprimentos. O presidente-executivo da fabricante alemã de ímãs Magnosphere, Frank Eckard, relata ter recebido uma enxurrada de ligações de montadoras e autopeças desesperadas nas últimas semanas. A razão é a escassez de ímãs de terras raras provocada pelas restrições de exportação impostas pela China, que ameaça paralisar linhas de montagem até julho.

 

“Todo o setor automotivo está em pânico total”, afirmou Eckard, que comanda a empresa sediada em Troisdorf, na Alemanha. Segundo ele, clientes estão dispostos a pagar qualquer preço para manter as fábricas funcionando. O receio é de que os rígidos controles chineses sobre os minerais essenciais para motores elétricos, sensores e sistemas eletrônicos comprometam a produção de veículos em vários países.

 

A crise se junta a outros dois grandes choques recentes na indústria: a pandemia de 2020 e a escassez global de chips entre 2021 e 2023, que reduziram a produção de milhões de veículos. Apesar de lições anteriores, Eckard acredita que o setor negligenciou o risco. “Ninguém aprendeu com o passado”, disse.

 

Com a China controlando até 70% da mineração e 90% da produção de ímãs de terras raras no mundo, as alternativas são limitadas. Fábricas europeias de fornecedores já começaram a fechar, e a associação CLEPA alertou para novas paralisações iminentes.

 

Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump anunciou na última sexta-feira (6) um acordo com o presidente chinês Xi Jinping para garantir o fornecimento aos americanos. Uma reunião entre autoridades dos dois países está marcada para esta segunda-feira, em Londres.

 

Enquanto isso, a indústria busca soluções de médio e longo prazo. Algumas montadoras e fornecedoras trabalham em motores com menor conteúdo de terras raras ou tecnologias alternativas, mas a maioria dos projetos ainda está distante de alcançar escala viável. A General Motors e a BMW estão entre as que tentam reduzir a dependência chinesa, mas enfrentam desafios de custo e produção.

 

Na Europa, a União Europeia lançou a Lei de Matérias-Primas Críticas para estimular fontes locais, mas sem avanços rápidos. “O bloco não agiu com a velocidade necessária”, avaliou Noah Barkin, consultor sênior do Rhodium Group.

 

Empresas como a Niron, nos Estados Unidos, que desenvolve ímãs livres de terras raras, e a Warwick Acoustics, no Reino Unido, que criou alto-falantes sem esses materiais, começam a atrair investidores e clientes. Mas os produtos só devem chegar ao mercado em maior escala nos próximos anos.

 

Até lá, montadoras correm para identificar fornecedores afetados e reforçar estoques emergenciais. Analistas alertam que parte da produção poderá ficar inacabada, aguardando peças em pátios, como ocorreu na crise dos semicondutores.

 

Além das terras raras, a dependência de matérias-primas da China segue elevada. Segundo relatório da Comissão Europeia de 2024, o país asiático controla mais de 50% da oferta global de 19 materiais estratégicos. “Isso é apenas um tiro de advertência”, resumiu Andy Leyland, da SC Insights.

 

O setor automotivo volta, assim, a conviver com a incerteza — e com poucas opções imediatas para evitar os prejuízos.

 

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