Em mais um capítulo sombrio da guerra em Gaza, o Exército de Israel anunciou nesta sexta-feira (07) que recuperou o corpo do trabalhador tailandês Natthapong Pinta, sequestrado por milicianos do grupo Mujahideen durante o ataque ao kibutz Nir Oz, em 7 de outubro de 2023. A operação foi conduzida em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em cooperação com a Agência de Segurança Interna (Shin Bet).
Natthapong havia emigrado para Israel para trabalhar na agricultura, como milhares de outros tailandeses recrutados legalmente para atuar nos campos do sul do país. Segundo o ministro da Defesa, Israel Katz, ele buscava “construir um futuro melhor para si e sua família”.
Mas, após oito meses desaparecido, o governo confirmou que o trabalhador foi “assassinado em cativeiro pela organização terrorista Mujahideen”.
A localização do corpo foi possível graças ao cruzamento de dados de inteligência fornecidos por agentes da Força-Tarefa de Reféns, pelo Departamento de Inteligência das Forças de Defesa de Israel (IDF), e por informações obtidas durante o interrogatório de um integrante da organização extremista.
O Exército informou ainda que a mesma operação que recuperou o corpo de Natthapong permitiu a localização dos corpos dos reféns israelense-americanos Judy Weinstein-Haggai e Gad Haggai, também raptados no kibutz Nir Oz, onde dezenas de pessoas foram massacradas ou sequestradas no início da guerra.
Pressão por acordos e fim dos horrores
O Fórum das Famílias dos Reféns, organização que reúne parentes das vítimas de sequestros e que lidera uma campanha por cessar-fogo e negociações humanitárias, voltou a cobrar das autoridades israelenses uma solução definitiva para o drama. Em nota, o grupo instou o governo a “fazer tudo o que for necessário para chegar a um acordo que permita o retorno dos 55 reféns ainda vivos”.
Apesar da comoção, a retomada dos corpos reacende debates delicados: até onde Israel irá nas operações de resgate, principalmente em áreas densamente povoadas como Rafah, já marcada por uma grave crise humanitária?
O caso de Natthapong Pinta também lança luz sobre um dos aspectos menos discutidos da guerra: os mais de 30 mil trabalhadores estrangeiros que viviam em Israel, especialmente no setor agrícola. Estima-se que pelo menos 39 tailandeses foram mortos nos ataques de 7 de outubro, e pelo menos 30 foram sequestrados — alguns ainda não tiveram o paradeiro confirmado.
Apesar da distância cultural e geográfica, a Tailândia se viu tragicamente envolvida no conflito, com familiares de vítimas clamando por repatriações e mais ação diplomática. “O mundo precisa lembrar que eles não eram soldados. Vieram plantar, colher, viver”, declarou um porta-voz da comunidade tailandesa em Israel.