O Dia dos Namorados, comemorado nesta quinta-feira (12), pode ser um convite para sair do piloto automático e experimentar coisas novas nas relações. “É como se o desejo tivesse um palco montado”, descreve a psicóloga e sexóloga Alessandra Araújo.
O Blog Daquilo ouviu a especialista e separou algumas dicas para quem deseja curtir a data de uma forma mais “apimentada”. Confira:
Relacionamento a longo prazo
Para casais que estão juntos há muito tempo e sentem que a relação esfriou, Alessandra sugere a escuta ativa seguida do acolhimento: “Uma boa estratégia é reintroduzir o mistério: deixar bilhetes provocantes, mudar o roteiro do encontro, usar o olhar com mais intenção. O corpo responde quando a mente é instigada”.
Fácil e eficaz
Formas mais simples de apimentar a relação, sem precisar de grandes produções, também são eficazes. A sexóloga opina: “Um sussurro no ouvido na hora certa pode ser mais excitante que um fim de semana num hotel cinco estrelas”, pontua. O erotismo está no detalhe — um toque mais lento, uma roupa escolhida com intenção, uma mensagem picante no meio do dia.
“A linguagem do desejo precisa ser falada em pequenos gestos também, não só em eventos especiais. Uma colher de criatividade e uma pitada de ousadia já fazem milagres”, destaca.
Calendário erótico
Alessandra salienta que planejar o sexo não tira a magia — pode, inclusive, criá-la. ”Quando sabemos que teremos um momento só para o casal, o corpo e a mente entram em contagem regressiva erótica”, afirma. No entanto, o equilíbrio está em não tornar o sexo uma tarefa.
“O planejamento deve abrir espaço para a intimidade, não virar cobrança. Como em um jantar: marcamos, preparamos com carinho, mas o sabor do momento é o que dá o tom”, acrescenta a sexóloga.
Sex toys
No uso de brinquedos eróticos, Alessandra recomenda começar pequeno – literalmente: “Um bullet (vibrador discreto) ou um anel peniano pode ser ótimo para iniciantes. Escolham juntos, conversem sobre o que gostariam de sentir.” Ela explica que a vergonha muitas vezes vem do desconhecimento ou da ideia de que o brinquedo “substitui” alguém — mas ele é um aliado, não um concorrente. “Brincar junto é uma forma deliciosa de explorar o corpo do outro e o próprio”, comenta.
Fantasias sexuais
Propor novas fantasias, práticas e até se aventurar em “roleplays” (ou seja, personagens) pode ser um desafio para algumas pessoas. “A chave é o tom: leveza e curiosidade. Em vez de impor, convide. Um ‘o que você acha da gente tentar’ pode ser mais bem recebido que um ‘a gente precisa mudar isso’. Vale também usar conteúdos externos como ponte — um filme, um livro, um podcast pode abrir portas para conversas menos embaraçosas. E lembre-se: ouvir o não do outro com respeito também é uma forma de intimidade”, detalha Alessandra.
Elemento essencial
O que não pode faltar em uma noite especial de Dia dos Namorados é, na opinião da sexóloga, a presença. “Um toque atento vale mais que mil palavras. O corpo nu é maravilhoso, mas o corpo presente, aquele que deseja, que olha nos olhos, que provoca, é irresistível”, argumenta. “Pode ter vinho, vela, lingerie, mas se não tiver conexão, vira performance. Agora, com presença, até um motel com luz fluorescente pode virar cenário de filme quente.”
Tiro pela culatra
Um dos erros mais comuns ao tentar esquentar a relação é forçar uma mudança sem diálogo, querer inovar sem combinar o jogo. Além disso, focar no “ato” e esquecer o clima pode causar um efeito contrário. “O desejo não nasce na cama: começa no olhar, no cuidado, no riso. E atenção: se um dos dois não está bem emocionalmente, é preciso acolher antes de provocar. Sexo não é solução mágica para distanciamento afetivo, mas pode ser consequência de uma reconexão verdadeira”, acrescenta a especialista.
Estímulos diferentes
O conteúdo erótico, como livros, filmes e podcasts, podem ser um aliado ao estímulo sexual — desde que não seja usado como substituto da relação. Alessandra esclarece que tais conteúdos podem aquecer a mente, despertar o desejo e servir de ponte para conversas e explorações mais íntimas. “O erotismo é uma construção relacional e subjetiva, não algo que deve ser terceirizado totalmente”, lembra.
Assim como os brinquedos eróticos, que são excelentes aliados do prazer, Alessandra alerta para que esses conteúdos não se tornem a única fonte de excitação. Quando o corpo se acostuma apenas a estímulos intensos e automáticos pode haver uma dessensibilização ao toque mais sutil, ao ritmo do outro, à excitação que nasce da presença e do olhar.
“A dica de ouro? Use com intenção, sem abrir mão da conexão afetiva e da escuta do corpo. O melhor vibrador do mundo não supera um parceiro que te deseja com presença, paciência e imaginação”, defende a especialista.
Tensão na relação
Para casais que estão redescobrindo a sexualidade depois de um período difícil, como uma crise ou o pós-filhos, Alessandra enfatiza que a sexualidade é um terreno vivo — muda com o tempo, com o corpo e com a vida. Nesses períodos, é comum que o casal se sinta “desconectado” do desejo, o que a especialista descreve como uma chance poderosa de reconstrução, não uma sentença de distanciamento.
Alessandra sugere começar pelo afeto, não pela performance: “O corpo precisa se sentir seguro para desejar e o desejo floresce onde há acolhimento. Reconstruir o vínculo corporal passa pelo carinho antes de passar pelo sexo.” Além disso, redescobrir a sexualidade é também atualizar as fantasias — o que excitava antes pode ter mudado e conversas íntimas, sem julgamento, podem abrir novas portas. “Façam isso como um jogo: um fala uma vontade, o outro dá uma nota de 1 a 10 para o quanto toparia experimentar. Brincadeira erótica e sinceridade caminham juntas.”
Em meio a filhos, trabalho e cansaço, reorganizar o espaço do casal dentro da rotina pode ser uma solução. “Criem pequenos rituais só de vocês: um banho juntos, uma taça de vinho na cama, cinco minutos diários de conversa olho no olho”, indica Alessandra. “Não tentem ‘voltar ao que era antes’, criem novas rotas de prazer. Toquem, explorem, testem. Vale usar óleos, vendas, brinquedos leves. Vejam isso como uma nova lua de mel, com mais maturidade e menos pressa. A reinvenção pode ser deliciosa”, completa.
Humor sexy
Nem todo momento íntimo vai ser perfeito. Algumas ocasiões virão acompanhadas de momentos constrangedores, barulhos estranhos e odores peculiares. A especialista indica usar o humor como afrodisíaco: “Rir juntos dos tropeços, dos sons, dos imprevistos pode ser libertador. O riso relaxa, aproxima e abre espaço para o prazer real, e não o idealizado”.