Nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir o Ministério da Previdência Social após a saída de Carlos Lupi, o ex-deputado federal Wolney Queiroz (PDT-PE) já havia tomado conhecimento de denúncias sobre irregularidades em descontos aplicados a benefícios do INSS — tema que hoje está no centro de investigações da Polícia Federal.
Wolney participou, como secretário-executivo da pasta, da reunião do Conselho Nacional da Previdência Social realizada em 12 de junho de 2023. Na ocasião, a advogada Tonia Galleti, representante do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), alertou para o crescimento de queixas envolvendo acordos de cooperação técnica que permitem descontos automáticos em aposentadorias e pensões.
Com inf Folha de São Paulo
Segundo a ata do encontro, Galleti solicitou que o tema fosse incluído na pauta da reunião, mas o pedido foi negado sob a justificativa de que a programação já estava definida. Ainda assim, ela insistiu, destacando que as denúncias de irregularidades vinham se multiplicando e exigiam medidas urgentes.
O foco da preocupação eram os descontos de mensalidades de associações diretamente nos benefícios previdenciários, prática autorizada por acordos firmados com o INSS. A Polícia Federal apura atualmente fraudes nesse modelo, incluindo falsificação de autorizações e envolvimento de servidores do instituto.
Na época, o ministro Carlos Lupi reconheceu a relevância da solicitação, mas afirmou que não seria possível atender imediatamente, pois seria necessário um levantamento mais aprofundado das entidades conveniadas, da evolução no número de filiados e da possível regulamentação do sistema de descontos.
A resposta oficial da pasta, porém, demorou quase um ano. Só recentemente, Lupi anunciou a exoneração do diretor de Benefícios do INSS e informou que uma auditoria havia sido aberta para apurar os casos. Ainda assim, o Ministério da Previdência não se manifestou sobre as medidas concretas tomadas nem sobre o envolvimento de servidores nos esquemas suspeitos.
Vale lembrar que o Sindnapi, representado por Galleti na reunião, também é uma das entidades investigadas por possível participação no esquema. A situação coloca ainda mais pressão sobre o novo ministro Wolney Queiroz, que esteve presente no momento em que os alertas foram feitos, mas até então não havia tomado providências.
Enquanto isso, aposentados seguem relatando descontos indevidos em seus benefícios e enfrentam dificuldades para cancelar associações que sequer autorizaram. A falta de transparência do INSS e a lentidão do governo em agir diante dos alertas agravam o cenário de insegurança e desrespeito aos direitos dos beneficiários.
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