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POLÍTICA NACIONAL Sexta-feira, 11 de Julho de 2025, 13:52 - A | A

Sexta-feira, 11 de Julho de 2025, 13h:52 - A | A

SE FAZENDO DE VÍTIMA

Lula tenta contornar desgaste no Jornal Nacional e evita confronto direto com Trump

Durante a conversa com a jornalista Délis Ortiz, Lula abordou a exigência do ex-presidente norte-americano de que o Brasil encerre o que classificou como "caça às bruxas" contra Jair Bolsonaro

ALISSON OLIVEIRA


Na entrevista concedida ao Jornal Nacional para comentar o tarifaço imposto por Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou uma postura defensiva, recheada de meias verdades, distorções e omissões.

 

Sem enfrentar de forma direta a gravidade da sobretaxa imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros, Lula preferiu amenizar o discurso, flertando com a retórica populista e apelando, como de costume, para erros propositais de linguagem na tentativa de se aproximar do eleitorado popular.

 

Durante a conversa com a jornalista Délis Ortiz, Lula abordou a exigência do ex-presidente norte-americano de que o Brasil encerre o que classificou como "caça às bruxas" contra Jair Bolsonaro. Tentando driblar a acusação de perseguição política, Lula afirmou que o Brasil garante a presunção de inocência, embora, na prática, tenha endossado a culpabilidade de Bolsonaro:

 

“Ele tentou preparar a minha morte, a do presidente da Suprema Corte, a do vice-presidente… Quem vai ser julgado não é o cidadão Bolsonaro, são os autos do processo”. A fala, no entanto, contraria o princípio da imparcialidade judicial que o próprio presidente diz defender.

 

O presidente também rebateu a tese de que o Brics possa ter contribuído para o mal-estar diplomático com Trump, mas acabou confirmando que o plano de substituir o dólar nas transações comerciais entre países do bloco continua em curso.

 

Segundo ele, o objetivo é romper com a dependência das potências ocidentais: “Nós cansamos de ser subordinados ao Norte”, declarou.

 

A proposta, porém, tem sido alvo de críticas por potencialmente beneficiar regimes autoritários, como os da China, Rússia e Irã, enfraquecendo as sanções internacionais contra essas nações.

 

Questionado sobre a incoerência entre protestar contra a intromissão de Trump nos assuntos jurídicos brasileiros e ter visitado Cristina Kirchner, condenada por corrupção na Argentina, Lula recorreu à versão de que a visita teve “caráter humanitário” e foi autorizada pela Justiça argentina.

 

No entanto, fotografou-se ao lado da ex-presidente com um cartaz de apoio que colocava em dúvida a legitimidade da condenação, equiparando o caso argentino ao seu próprio processo no Brasil, num gesto nitidamente político.

 

Sobre a relação com Trump, Lula disse que não há motivo para dialogar com o presidente norte-americano neste momento:

 

“Dois presidentes não ficam se ligando para contar piada”, ironizou. No entanto, a falta de interlocução com o líder da maior potência econômica do mundo e segundo principal parceiro comercial do Brasil levanta preocupações quanto à condução da política externa do governo brasileiro.

 

Ao final da entrevista, Lula apelou ao empresariado brasileiro para que apoie eventuais medidas de retaliação aos EUA, insinuando que empresários que discordem não têm "orgulho de ser brasileiros".

 

A declaração reforça o tom de enfrentamento ideológico do presidente, que parece mais interessado em alimentar narrativas internas do que em resolver impasses diplomáticos com pragmatismo.

 

A entrevista, longe de amenizar a crise internacional provocada pelo tarifaço de Trump, expôs contradições e fragilidades no discurso do presidente Lula, que, mesmo diante de um dos maiores desafios comerciais do seu terceiro mandato, preferiu vestir a fantasia de vítima política do que assumir responsabilidades com firmeza e clareza.

 

 

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