O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), fez duras críticas à condução diplomática do governo federal diante da nova crise comercial instaurada com os Estados Unidos.

Em entrevista à Jovem Pan, Mendes responsabilizou diretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por não adotar uma postura mais séria diante das tarifas impostas pela gestão de Donald Trump, reeleito presidente norte-americano no início do ano.

Para Mendes, o Planalto subestimou a gravidade do problema e “desdenhou” das ameaças iniciais, o que acabou alimentando o conflito com os norte-americanos.

“Trump está misturando política com economia. Por mais que ele queira defender um amigo, ele está colocando em risco setores importantes da economia brasileira,” afirmou o governador, sem citar nomes diretamente, mas deixando clara a insatisfação com o apoio que o ex-presidente Jair Bolsonaro ainda recebe da Casa Branca.

Mendes alertou para os prejuízos que a medida pode causar a exportadores mato-grossenses, principalmente nos setores de madeira e etanol, cujos mercados têm forte dependência dos EUA.

Algumas empresas do estado enviam até 70% da produção ao mercado norte-americano e, segundo o governador, terão sérias dificuldades para absorver o impacto.

No setor de carnes, ele acredita que haverá alternativas para escoamento, mas com margens reduzidas.

Durante a entrevista, o governador também não poupou críticas a brasileiros que vivem no exterior e se manifestaram a favor das tarifas impostas contra o país.

“Nenhum brasileiro de bom senso pode achar correto defender um país que prejudica o seu. Isso é inaceitável”, disparou.

Outro alvo das críticas de Mendes foi a diplomacia brasileira, que teria contribuído para a escalada da tensão com declarações irônicas, como a comparação com a “jabuticaba” que teria irritado Trump.

O governador classificou ainda como humilhante a decisão da Venezuela de aplicar uma tarifa de 77% sobre produtos brasileiros, em meio à mesma crise.

No campo político, Mendes lamentou o cenário de divisão dentro da direita brasileira e citou conflitos entre figuras como Eduardo Bolsonaro, o deputado Nicolas Ferreira e o governador paulista Tarcísio de Freitas.

Para ele, há um excesso de preocupação com as eleições presidenciais de 2026 em detrimento de ações urgentes e práticas: “É uma loucura. Terminou a eleição municipal, já começam a pensar na próxima presidencial. Isso não resolve os problemas reais do país.”

Por fim, o governador fez um apelo ao Congresso Nacional e cobrou atuação direta dos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, para liderarem negociações diplomáticas que garantam a proteção dos interesses nacionais.

“É hora de parar de pensar em 2026 e encarar o problema agora. Estamos diante de uma arapuca que pode prejudicar profundamente o Brasil”, concluiu Mendes.

 

 

 

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