Por Redação
Um sofisticado esquema de corrupção envolvendo contratos de perfuração de poços artesianos foi revelado pelo Governo do Estado do Mato Grosso, gerando um prejuízo estimado em R$ 22 milhões aos cofres públicos.
As investigações apontam que as irregularidades iam além do já comum superfaturamento: as mesmas obras eram pagas mais de uma vez, configurando uma prática recorrente de duplicidade de pagamento que multiplicou os danos ao erário.
A operação que expôs o caso, batizada de Poço Sem Fundo, foi executada pela Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor) da Polícia Civil na manhã de quinta-feira (08), após auditorias minuciosas realizadas pela Controladoria Geral do Estado (CGE-MT).
As fraudes ocorreram entre 2020 e 2023, período em que a Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat) firmou 13 contratos com empresas para obras em comunidades rurais, totalizando mais de R$ 47 milhões.
A CGE revelou que, além dos pagamentos duplicados, houve fragmentação injustificada de etapas da obra, ausência de documentação formal para contratação e pagamento, além da entrega parcial dos serviços contratados.
Em visita a 55 locais de perfuração em novembro de 2024, constatou-se que apenas 20 poços estavam efetivamente em uso, enquanto os demais apresentavam condições inadequadas ou estavam inoperantes.
Entre os investigados estão o ex-presidente da Metamat, Juliano Jorge Boraczynski, e os ex-diretores Wagner Ramos (também ex-deputado estadual) e Francisco Holanildo Silva Lima, além de empresários, servidores e ex-funcionários.
A Justiça autorizou 226 medidas judiciais, incluindo buscas, apreensões, sequestro de bens e bloqueios bancários que somam o valor do prejuízo.