Empresas que operam com empréstimos consignados voltados a servidores públicos de Mato Grosso estão no centro de uma investigação que aponta possíveis crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e infrações contra as relações de consumo.
A Polícia Civil detalhou o caso em uma coletiva realizada nesta quarta-feira (28), revelando indícios preocupantes sobre a atuação do setor.
De acordo com o delegado regional Daniel Valente, o esquema envolve a omissão de informações essenciais durante a oferta dos empréstimos, o que teria induzido servidores ao erro no momento da contratação.
“O contrato em si pode até estar juridicamente correto, mas a ausência de transparência nas cláusulas contratuais configura uma prática lesiva ao consumidor e pode ser enquadrada como crime semelhante ao estelionato”, explicou Valente.
A investigação concentra-se principalmente na empresa Capital Consig, que, segundo as autoridades, pertence a um grupo de mais de 30 empresas interligadas, todas operando no mesmo ramo.
Essa rede empresarial, de acordo com o delegado, atua de forma coordenada, trocando de nomes fantasia e mantendo o controle sob os mesmos sócios, o que reforça a hipótese de associação criminosa.
Em resposta imediata às denúncias, a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) suspendeu por 90 dias todos os descontos relacionados a empréstimos contratados com a Capital Consig.
A medida visa resguardar os direitos dos servidores, proibindo ainda a empresa de incluir nomes em serviços de proteção ao crédito ou aplicar multas e correções monetárias sobre parcelas atrasadas.
A Polícia continuará aprofundando as investigações para apurar a extensão do prejuízo aos servidores públicos e o envolvimento de outras empresas no esquema.
Valente reforçou que novas medidas podem ser adotadas conforme surgirem mais denúncias por parte dos servidores ou entidades representativas.
O caso, que já gerou grande repercussão, evidencia a vulnerabilidade de milhares de servidores diante de práticas comerciais enganosas e levanta um alerta sobre a necessidade de fiscalização rigorosa no setor de crédito consignado.