A repercussão da denúncia contra o fotógrafo Marcelo José da Silva Figueiredo, conhecido como Tchélo Figueiredo, motivou outras duas mulheres a quebrarem o silêncio e relatarem experiências semelhantes de violência emocional, psicológica e física durante relacionamentos com o suspeito.
Os novos relatos foram encaminhados por áudio a Folha do Estado, por vítimas que dizem ainda temer represálias. Ambas descrevem ciclos de violência semelhantes aos já reportados anteriormente: relacionamentos iniciados com gestos de afeto e admiração (conhecidos como love bombing), seguidos por controle obsessivo, humilhações públicas, agressões verbais e físicas, além de perseguições após o fim do vínculo.
“Ele me controlava, me batia e me perseguiu até depois do término”
A primeira vítima, que se relacionou com Tchelo Figueiredo entre junho de 2023 e julho de 2024, relatou episódios recorrentes de violência física, controle social e perseguição. Segundo ela, o comportamento abusivo começou com manipulação emocional e evoluiu rapidamente para agressões dentro de casa, muitas delas presenciadas por seus filhos e pelo filho do próprio agressor.
“Ele me bateu, me deu socos, apertou meu queixo, jogou uma almofada no meu filho de 7 anos, afirmou á vítima. A mulher também revelou que foi foi ameaçada de morte em um terreno baldio"
“Ele colocou o punho para mim e disse: ‘vou te matar’. Só consegui sair viva porque implorei por minha vida.”
Depois do término, relata que passou a viver sob intenso medo. “Moramos a 700 metros de distância. Deixei de sair, fiquei com agorafobia, crise de ansiedade, bruxismo. Minha saúde e autoestima foram destruídas.”
“Ele nunca me bateu, mas me destruiu emocionalmente”
Outra mulher, que manteve um relacionamento com o fotográfo entre 2018 e 2019, confirmou os comportamentos abusivos. Ela narra que o fotógrafo impunha controle sobre suas redes sociais, interferia nas amizades e reagia com agressividade a qualquer questionamento.
“Ele dizia que eu era péssima, me xingava, fazia cenas de ciúmes doentias. Me humilhava nos momentos em que eu mais estava feliz. Depois que terminei, ele começou a me perseguir nas redes, se fazia de vítima e me atacava publicamente.”
Mesmo sem agressões físicas, ela diz ter sofrido abalos emocionais profundos:
“Fiquei completamente transtornada. Me sentia vigiada, com medo. Só agora percebo que aquilo era violência.”
Padrão de comportamento
Os novos relatos reforçam o padrão descrito por outras vítimas entrevistadas anteriormente: Marcelo José da Silva Figueiredo, iniciava os relacionamentos com excesso de afeto e atenção, e gradualmente passava a exercer controle psicológico, usando ciúmes infundados, manipulação, insultos e, em alguns casos, violência física. Em comum, as vítimas relatam dificuldades em denunciar por medo, vergonha e pela proximidade constante com o agressor.
Mesmo com boletins de ocorrência, medidas protetivas e provas anexadas aos registros, as vítimas afirmam que ele continua atuando profissionalmente na capital.
“Ele cheira a nossa vulnerabilidade. É um agressor em série. E piora a cada vítima”, disse uma das mulheres ouvidas.
A reportagem opta por preservar a identidade das vítimas, conforme previsto na legislação que protege mulheres em situação de violência. O acusado, Marcelo Figueiredo, nega todas as acusações e afirma ser vítima de perseguição e falso testemunho.