Os Estados Unidos procuraram a China para discutir as tarifas de 145% impostas recentemente pelo ex-presidente Donald Trump, informou a conta Yuyuan Tantian, ligada à mídia estatal chinesa, em publicação na rede social Weibo. A postagem cita fontes anônimas e sinaliza uma possível abertura de Pequim para negociações, embora sem confirmação oficial por parte do governo chinês.
Segundo a publicação, Washington iniciou contatos por "diversos canais", tentando reabrir o diálogo sobre a questão tarifária. Autoridades americanas como o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o conselheiro econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, reforçaram o interesse em reduzir as tensões. Hassett classificou como um “sinal positivo” a recente decisão da China de reduzir tarifas sobre alguns produtos norte-americanos.
Apesar da retórica agressiva do governo chinês, o país isentou discretamente produtos estratégicos — como microchips, motores a jato e medicamentos — das tarifas retaliatórias de 125%, segundo a Reuters.
Em entrevista à Fox Business Network, Bessent evitou comentar negociações diretas, mas defendeu que as tarifas de ambos os lados sejam reduzidas para abrir espaço para um possível acordo. Ele afirmou que a China “vai querer negociar” e que a retomada do diálogo deverá abordar compromissos anteriores, como o não cumprimento do acordo de "Fase 1", firmado por Trump em 2020. O pacto previa que a China compraria US$ 200 bilhões a mais em produtos americanos — algo não concretizado, principalmente por conta da pandemia.
Além disso, Bessent mencionou barreiras não tarifárias e a questão do roubo de propriedade intelectual como pontos que estarão na mesa. “Tudo está em jogo no relacionamento econômico”, disse.
Enquanto os EUA argumentam que as altas tarifas estão pressionando mais a economia chinesa — que exporta cinco vezes mais para os americanos do que o contrário — Pequim mantém postura de enfrentamento. O Ministério das Relações Exteriores chinês comparou ceder às pressões dos EUA a “beber veneno”.
A mesma publicação do Yuyuan Tantian destacou que, apesar da negativa oficial de negociações, não haveria prejuízo para a China em escutar os americanos. “Pequim precisa observar com atenção e forçar a revelação das reais intenções dos EUA”, afirmou o texto.
Trump também comentou o tema na última sexta-feira, dizendo que seu governo está em tratativas com Pequim e que teria recebido uma ligação do presidente Xi Jinping. O governo chinês, no entanto, negou qualquer contato e acusou os EUA de “enganar o público”.
Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, reiterou nesta quarta-feira que "não houve consultas ou negociações sobre tarifas até o momento".