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THIAGO PACHECO Terça-feira, 24 de Outubro de 2023, 11:25 - A | A

Terça-feira, 24 de Outubro de 2023, 11h:25 - A | A

THIAGO PACHECO

Dolarização, solução ou um remédio paliativo?


Assunto que já foi amplamente debatido na américa latina, principalmente em países onde as economias são representativas neste cenário, como também no mundo, onde observamos alguns países que efetuaram a transição de suas moedas para o dólar americanos, sucesso ou relativo sucesso, outros que o mantém como moeda oficial, em trânsito juntamente com as locais, e aqueles que oficiosamente o utiliza.

 

O ponto que o tema vem ganhando força nos debate em vista das promessas de campanha presidencial argentina, onde o candidato Javier Milei indica como a solução para o descontrole inflacionário que projeta os 200% ao fim deste ano. Como mencionei temos diversos exemplos quanto a substituição da moeda, o amigo leitor pode estar se perguntando; Pacheco, já passamos por diversas substituições de moedas por aqui, que resolveram em parte ou de fato solidificaram, como o Real, que tanto preocupa essa mudança para o dólar? Posso elencar alguns, porém, os que mais impactam nesse processo são os seguintes; o fato que se controlar a emissão de moeda, uma vez, de quem o faz, é o governo norte americano, assim, temos outros impactos, como a capacidade de elaboração de políticas monetárias para ajustes em momentos de crise, á exemplo da inflação. Assim deixando o país (que tenha optado pela dolarização) vulnerável a mudanças econômicas dos EUA.

 

Antes de falar de como decorreram as transições em países como Equador, El Salvador e Panamá, que já detém em curso, oficialmente, o dólar, vamos observar o que ocorre no país vizinho e os problemas que hoje estão presentes por lá e que geram discursões em torno dessa possibilidade. Como pudemos acompanhar nos últimos meses, a Argentina vem enfrentando um grave problema cambial no país, além obviamente, que todo contexto de crise, com uma inflação altíssima, em foco o câmbio, e claro, que o país não detém reservas de dólares suficientes para a transição de moeda, que com efeito, poderá gerar uma forte restrição do dinheiro circulante, o que naturalmente resultaria numa alta fortíssima dos juros, que forçaria a queda da inflação, contudo, causaria uma forte recessão. Onde esbarramos em um ponto que divide as opiniões? Principalmente nos assessores de campanha de Javier Milei, e todos que acompanham as eleições argentinas, inclusive as equipes técnicas do nosso Ministério da Fazenda, o quanto tal tratamento de choque econômico custaria no aspecto do custo social. Relembrando o corrido no idos dos anos 2000, onde a onde de protestos ocasionado por esse alto custo (social), e instabilidade econômica, levaram a algumas trocas presidenciais.

 

O embasamento do candidato, para tal política, se resguarda muito no exemplo de seu vizinho, Equador, onde uma grave crise econômica estava instalada, como desvalorização da moeda local, hiperinflação e instabilidade bancária, nos anos 2000, o então presidente Jamil Mahuad, iniciou o processo de dolarização, substituído o Sucre (moeda local da época) pelo dólar, estabelecendo taxa cambial fixa entre as moedas. De fato, imediatamente se colheram bons frutos, como a redução da inflação de 100% para 20%, já no ano seguinte, consolidação nas relações comerciais, além da estabilidade de preços.

 

Porém, exatamente pelo fato de não serem as emissões da moeda, eles ficaram vulneráveis a mudanças políticas econômicas norte americanas, o que podemos observar na atual crise econômica local, e o alto déficit fiscal por lá. No caso de El Salvador, encontramos duas moedas, o Cólon e o Dólar, como moedas oficiais, contudo, pela paridade cambial que existe no país, a moeda local praticamente inexiste. Neste exemplo, a dolarização basicamente ocorreu para cumprir as condições do Tratado de Livre Comercio com os Estados Unidos, onde se englobava também a eliminação de tarifas aduaneiras. Já no Panamá, não temos o dólar como moeda oficial, contudo, pela paridade cambial de 1 Balboa (moeda local) é o equivalente a 1 dólar, e a moeda americana é aceita nas transações comerciais e financeiras no país, o Balboa, praticamente existe de modo figurativo. O Panamá, detém relações estreitas com diversos países, principalmente os EUA, muito procurado por políticos e organizações para abertura de suas offshore’s, por se tratar de um paraíso fiscal.  

 

*Thiago Pacheco é especialista em finanças, mercado, controladoria, agronegócios e ESG, com mais de 20 anos de indústria financeira, com passagens em grandes bancos com presença internacional, além dos maiores players do agro. Professor e mentor para o mercado financeiro e de capitais, e ainda, fundador e CEO da Elevare Institute.  


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