Em meio ao terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Grupo Globo registrou um crescimento histórico em seus resultados financeiros. Em 2024, o conglomerado viu seu lucro líquido disparar 151,7%, saltando de R$ 821 milhões em 2023 para R$ 2,067 bilhões. O aumento acontece no mesmo período em que o governo federal ampliou investimentos em publicidade oficial e programas sociais, reaquecendo o mercado publicitário.
Do lucro recorde, R$ 2,055 bilhões foram distribuídos aos acionistas controladores, a família Marinho, que comanda a maior emissora do país.
A receita líquida do grupo também avançou, atingindo R$ 17,37 bilhões, uma alta de 8,2% em relação ao ano anterior. Mas o salto expressivo no lucro chama a atenção justamente por coincidir com um ambiente de maior proximidade entre o Planalto e veículos tradicionais de mídia.
Entre os movimentos estratégicos da empresa, está a aquisição da Eletromidia, líder nacional em publicidade out of home (OOH). Em novembro de 2024, a Globo comprou 74,01% do capital da companhia, operação avaliada em R$ 1,7 bilhão, consolidando sua presença em mídia externa. A aquisição recebeu sinal verde do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Globo já formalizou pedido de Oferta Pública de Aquisição (OPA) para fechar o capital da Eletromidia, com leilão previsto até o fim de abril.
Embora o grupo atribua o crescimento à diversificação de operações e à adaptação às novas demandas do público, críticos veem o salto nos resultados como reflexo da intensificação das verbas publicitárias federais e da boa relação com o governo. Desde 2023, o volume de campanhas oficiais aumentou e, mesmo com um cenário econômico adverso, a propaganda estatal e o reaquecimento do setor publicitário sustentaram os conglomerados tradicionais.
A disparada do lucro da Globo no governo Lula reacende o debate sobre a concentração de recursos públicos em grandes grupos de comunicação e sua influência no cenário político e econômico nacional.