Na véspera do julgamento que pode torná-lo réu por suposta interferência nas eleições presidenciais de 2022, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, voltou ao centro das atenções ao apresentar, por meio de sua defesa, acusações graves contra a Justiça Eleitoral.
Segundo os advogados de Vasques, um relatório elaborado por membros do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE-RN) teria sido manipulado para sustentar a tese de que a PRF atuou para dificultar o voto de eleitores no segundo turno das eleições, favorecendo o então presidente Jair Bolsonaro.
O relatório, que embasa a acusação de que Vasques teria ordenado a instalação de barreiras nas rodovias para atrasar ou impedir o acesso de eleitores em Campo Grande (RN), foi classificado pela defesa como “fraudulento”.
Os advogados apontam diretamente a juíza eleitoral Érika Souza Corrêa Oliveira e o técnico Bruno Teixeira da Silva como responsáveis pelo documento, cuja metodologia foi amplamente contestada.
A defesa contratou uma consultoria técnica para revisar os dados eleitorais da 31ª Zona Eleitoral do Rio Grande do Norte.
Segundo o novo laudo, o relatório do TRE-RN teria se baseado em percepções subjetivas de mesários, recolhidas através de grupos de mensagens instantâneas, sem qualquer controle técnico ou científico, o que comprometeria a sua credibilidade.
Ainda conforme o documento, enquanto o relatório oficial apontava o comparecimento de apenas 2.232 eleitores até às 12h46 do dia da votação, os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicavam que esse número seria, na verdade, de 3.236 votantes — uma discrepância de mais de mil pessoas.
A consultoria destacou ainda que, mesmo com a presença da PRF, o segundo turno teve maior participação de eleitores que o primeiro, com mais de 700 eleitores a mais pela manhã.
O Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte ainda não se pronunciou sobre as acusações. Silvinei Vasques, que nega qualquer tentativa de manipulação eleitoral, será o primeiro a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos atos golpistas.