O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, acusou o portal UOL de disseminar informações falsas em reportagens sobre a estratégia de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) visando torná-lo elegível nas próximas eleições. A acusação foi divulgada neste sábado, 25, pelo próprio site de notícias.
Em uma nota enviada ao UOL, Moraes criticou um texto assinado pelas colunistas Carolina Brígido e Carla Araújo. A reportagem, intitulada “Defesa matou chance de Bolsonaro concorrer em 2026, dizem ministros do TSE”, sugeria que as ações dos advogados de Bolsonaro teriam eliminado suas chances de disputar as eleições de 2026. O ministro acusou a jornalista de "inventar fatos e versões" sob o pretexto de proteger suas fontes, embora não tenha especificado quais informações seriam falsas.
O UOL defendeu a veracidade da matéria, afirmando que a mesma foi baseada em conversas com ministros do TSE. De acordo com a reportagem, a defesa de Bolsonaro teria prejudicado suas chances ao recorrer diretamente ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao invés de continuar apresentando embargos de declaração na Corte Eleitoral, uma estratégia que poderia manter o processo ativo até uma possível mudança na composição do TSE.
Moraes também manifestou seu descontentamento com uma coluna escrita por Wálter Maierovictch, que descreveu os ministros do TSE como “fofoqueiros” e antiéticos. O ministro considerou lamentável que um jurista de renome como Maierovictch tenha repercutido a matéria sem verificar a veracidade das informações. “Elaborando uma coluna baseada em informações falsas”, acrescentou Moraes.
O ministro destacou a importância de uma imprensa livre e responsável como pilar da democracia, mas criticou o UOL por veicular o que ele comparou a fake news. “Infelizmente, ao haver esse tipo de publicação em veículo de relevância nacional, como o UOL, constata-se que as fake news e notícias fraudulentas não ficam restritas apenas às redes sociais”, argumentou. “Não há democracia sem uma imprensa forte, consciente e responsável. Essa responsabilidade, portanto, deve ser exercida diuturnamente e incansavelmente por todos os profissionais da imprensa.”
A reportagem do UOL, por sua vez, reafirmou a complexidade de reverter a condenação de Bolsonaro para permitir sua candidatura em 2026. Segundo ministros do TSE consultados pelo site, a estratégia de defesa adotada pelos advogados do ex-presidente reduziu significativamente suas chances de sucesso. As eleições de 2026 terão como presidente do TSE o ministro Kassio Nunes Marques e como vice-presidente André Mendonça, ambos indicados por Bolsonaro para o STF. No entanto, os advogados de Bolsonaro optaram por apelar diretamente ao STF, onde a decisão será tomada por um colegiado no qual Bolsonaro teria menos apoio.
O embate entre Alexandre de Moraes e o UOL evidencia a tensão entre o Judiciário e a imprensa, especialmente em temas sensíveis como a elegibilidade de Jair Bolsonaro .