A prisão do vereador Thiago Bitencourt Lanhes Barbosa, conhecido como Dr. Thiago (PL), no último sábado (31), causou comoção nacional e pode resultar em sua renúncia ao cargo nos próximos dias. Ele é acusado de envolvimento em crimes gravíssimos, incluindo abuso sexual de menores, produção e armazenamento de pornografia infantil, e teria usado uma adolescente como 'escrava sexual'.
Segundo fontes ligadas à defesa, a saída voluntária do parlamentar da Câmara de Canarana — cidade localizada a 823 km de Cuiabá — está sendo avaliada como estratégia para evitar a cassação por quebra de decoro parlamentar, o que poderia torná-lo inelegível nas próximas eleições.
Suspenso pelo partido
Na segunda-feira (2), Dr. Thiago foi suspenso do diretório municipal do PL por tempo indeterminado. A direção estadual da sigla também instaurou um processo de expulsão definitiva, que será avaliado pela Comissão de Ética do partido. A defesa ainda pode apresentar uma resposta no prazo de até 15 dias, mas a tendência é de desfiliação compulsória.
Conservador e defensor da “família”
Com discurso conservador e forte presença nas redes sociais, Dr. Thiago construiu sua imagem política com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao presidente Lula (PT) e a temas como “comunismo” e “ideologia de gênero”. Chegou a ser o vereador mais votado de Canarana nas últimas eleições e dizia defender os “valores da família, da pátria e da religião”.
Agora, enfrenta denúncias que abalam justamente a imagem pública que construiu. Investigações da polícia revelaram registros pornográficos em seus dispositivos eletrônicos, incluindo imagens de uma criança de dois anos nua, enviadas por uma adolescente de 15 anos, com quem o vereador mantinha contato e a quem se referia como sua “escrava sexual”.
Apreensões chocantes
Durante o cumprimento de mandado de busca, a polícia encontrou na residência de Dr. Thiago brinquedos sexuais, lingeries e roupas infantis, evidências que reforçam a gravidade das acusações.
Médico e servidor público
Além do cargo político, Dr. Thiago atuava há 11 anos como médico na rede pública municipal, onde é servidor efetivo com salário de R$ 28 mil. Formado em medicina em 2009 por uma universidade particular, ele foi admitido na prefeitura de Canarana em 2014 e possui registro ativo como clínico geral no Conselho Regional de Medicina (CRM).