Em uma ação que reforça o combate a fraudes em empréstimos consignados no serviço público, o Governo de Mato Grosso suspendeu, nesta terça-feira (3), as operações das empresas Cartos Sociedade de Crédito, BemCartões e ClickBank.
A medida, determinada pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), atinge todos os descontos em folha de pagamento e impede novas contratações com servidores estaduais por um período inicial de 90 dias.
A decisão surge em meio à continuidade das investigações sobre a Capital Consig, que já havia sido afastada do mercado desde agosto de 2024.
Há fortes indícios de que as três novas empresas estariam operando de forma coordenada com a Capital Consig, driblando a suspensão imposta anteriormente.
Segundo o secretário da Seplag, Basílio Bezerra, há evidências de que o grupo formava uma rede para burlar as restrições, mantendo o mesmo sistema de operação e mirando o mesmo público-alvo.
Relatos de servidores indicam que, ao contratar com a Cartos, foram informados posteriormente de que se tratava da mesma empresa anteriormente suspensa, o que levantou suspeitas quanto à autenticidade das operações.
Denúncias também revelam semelhanças visuais nas plataformas e logomarcas utilizadas, fortalecendo a hipótese de conluio.
Entre janeiro e maio de 2025, o volume de crédito consignado movimentado pela Cartos subiu de R$ 161,9 mil para R$ 587,3 mil, o que contribuiu para o alarme das autoridades.
O governo já determinou que as três empresas não poderão realizar cobranças, aplicar juros ou inserir os servidores em cadastros de inadimplência durante o período de suspensão.
O caso da Capital Consig foi o estopim para a intensificação do controle sobre o setor. Desde sua suspensão, foi criada uma força-tarefa envolvendo órgãos como Procon, Delegacia do Consumidor, Ministério Público e Controladoria Geral do Estado.
Um relatório preliminar já foi enviado à CGE para análise e possível responsabilização da empresa.
Como parte das novas medidas de controle, a Seplag notificou a Câmara Interbancária de Pagamentos para garantir maior transparência nos descontos consignados e anunciou uma revisão geral de todas as consignações em folha de servidores públicos, conforme decreto publicado em maio deste ano.
Com a inclusão das novas empresas na lista de suspensões, o governo sinaliza um endurecimento contra práticas suspeitas no mercado de crédito consignado, buscando proteger os servidores e assegurar a legalidade das operações.