Uma mulher de 31 anos, alvo de dois sequestros e sessões brutais de tortura praticadas por membros de uma facção criminosa em Sorriso, a 420 km de Cuiabá, foi removida de Mato Grosso por questões de segurança.
A medida foi adotada após a constatação de que sua integridade física estava em risco e de que ela já havia sido submetida a mais de 50 chibatadas como punição imposta pelo chamado "tribunal do crime".
A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) do município confirmou que a vítima foi retirada da cidade com o apoio do poder público, juntamente com sua companheira e familiares.
O delegado Bruno França, responsável pelo caso, afirmou que a decisão foi tomada com urgência, uma vez que a permanência da mulher em Sorriso a deixaria vulnerável a novas ações criminosas.
Segundo a polícia, o primeiro sequestro ocorreu após a mulher ser presa com uma grande quantidade de drogas e, ao ser liberada, não conseguir repor o prejuízo financeiro da facção.
Em busca de uma nova vida, ela teria optado por abandonar o crime e trabalhava em um mercado local, o que teria irritado ainda mais os criminosos.
Foi então capturada, espancada e filmada enquanto era açoitada. A gravação foi enviada para um detento da Penitenciária Central do Estado (PCE) como prova da punição.
A segunda captura teve como objetivo forçá-la a gravar um vídeo negando o primeiro sequestro. De acordo com o delegado, esse conteúdo foi feito sob coação e não tem validade legal.
“Ela quase foi executada, mas precisavam dela viva para o vídeo. Mesmo assim, foi uma ação inútil. Ela será ouvida com segurança por videoconferência”, afirmou França.
Até agora, cinco integrantes da facção foram presos por envolvimento no crime. A vítima, que usava tornozeleira eletrônica, foi abordada ao sair do trabalho na última sexta-feira (2), e teve sua motocicleta Honda Biz vermelha levada pelos criminosos. O cativeiro foi localizado após diligências da Polícia Civil, que encontrou três suspeitos no local.
Outros dois foram abordados pela Polícia Militar no bairro Rota do Sol, quando estavam com a moto da vítima e um simulacro de arma usado para rendê-la.
O caso segue sendo investigado, e a polícia promete avançar contra os demais envolvidos.
A mulher agora se encontra sob proteção fora do estado, onde poderá contribuir com o inquérito sem risco à própria vida.