O governo de Mato Grosso realizou a transferência de Leonardo dos Santos Pires, um dos principais líderes de uma facção criminosa, para uma penitenciária federal no Paraná. Condenado a mais de 245 anos de prisão, Leonardo estava detido no raio de segurança máxima da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá.
A remoção foi solicitada pela Polícia Civil e pela Secretaria de Estado de Justiça (Sejus) devido à sua alta periculosidade e ao envolvimento em crimes mesmo estando encarcerado. O pedido foi aceito pelo Ministério Público Estadual e autorizado pelo Poder Judiciário de Mato Grosso.
Leonardo, conhecido pelo apelido de "Sapateiro", foi escoltado por agentes da Polícia Penal até o Aeroporto Marechal Rondon na quinta-feira (06.02), de onde embarcou em uma aeronave comercial rumo ao Paraná. A transferência faz parte do programa Tolerância Zero, uma das iniciativas do governo estadual no combate ao crime organizado.
As investigações apontam que Leonardo esteve envolvido em diversos homicídios, especialmente em Sinop, onde ordenou execuções ligadas à sua facção criminosa. Um dos casos mais violentos ocorreu em julho de 2022, quando Marina Azevedo Campos, de 17 anos, e Guilherme Felipe Oliveira de Moura, de 22 anos, foram assassinados no Loteamento Altos da Glória.
Segundo a Polícia Civil, o alvo do crime era Guilherme, mas Marina também foi morta ao ser encontrada na cama do casal. Guilherme foi executado na cozinha, onde os investigadores recolheram cápsulas deflagradas e uma pistola .380. Por esse crime, Leonardo foi condenado a 42 anos de prisão.
Outro assassinato ordenado por ele foi o do jogador de futebol Willian Sant’Ana, ocorrido em setembro de 2021. Willian foi sequestrado em casa por cinco criminosos armados e levado a uma área de mata próxima à BR-163, onde foi executado. A facção justificou o crime sob a acusação de que Willian teria cometido um estupro, fato que não foi comprovado na investigação. Os responsáveis pelo crime foram identificados e condenados em novembro de 2023, com penas que somam 122 anos de prisão. Leonardo recebeu a sentença mais pesada, de 40 anos de reclusão.
A trajetória criminosa de Leonardo começou com sua primeira prisão em Lucas do Rio Verde, após um roubo. Desde então, acumulou diversas condenações por crimes graves, incluindo homicídios e envolvimento com o tráfico de drogas. Sua transferência para uma penitenciária federal busca impedir que continue comandando crimes de dentro da cadeia e reforça o cerco das autoridades contra o crime organizado em Mato Grosso.