A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou nesta quinta-feira (8) a Operação Poço Sem Fundo, voltada ao desmantelamento de um esquema criminoso que teria desviado cerca de R$ 22 milhões por meio de contratos fraudulentos firmados pela Companhia Mato-Grossense de Mineração (Metamat).
A ação, conduzida pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), é resultado de investigações iniciadas após denúncia formalizada pelo Governo do Estado e auditorias realizadas pela Controladoria Geral do Estado (CGE).
Com um total de 226 ordens judiciais expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá, a operação atingiu seis empresas e 24 pessoas físicas, incluindo servidores públicos e empresários. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão, sequestros de bens e bloqueios de contas bancárias nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande e Tangará da Serra.
A Justiça determinou ainda o afastamento de funções públicas e a proibição de novos contratos entre o Estado e os envolvidos.
Segundo as investigações, o grupo criminoso operava dentro da Metamat desde 2020, manipulando contratos para perfuração de poços artesianos em comunidades rurais.
Contudo, auditorias constataram irregularidades graves, como poços inexistentes, construídos em áreas privadas ou sem condições mínimas de funcionamento. Em muitos casos, os próprios moradores precisaram improvisar formas rudimentares para acessar a água.
Além de suspender os pagamentos às empresas investigadas, a Justiça autorizou medidas cautelares como a proibição de contato entre os envolvidos, a interdição de acesso às sedes da Metamat e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), e o recolhimento de passaportes. A operação mobilizou 120 policiais civis das diretorias de Atividades Especiais, Metropolitana e do Interior.
O nome "Poço Sem Fundo" remete à expressão popular que simboliza a perda contínua de recursos, refletindo a dimensão do prejuízo causado ao erário por meio de contratos destinados, mas não cumpridos, à ampliação do acesso à água potável em regiões carentes do estado.