O tenente-coronel Mauro Cid declarou, nesta segunda-feira (9), em depoimento, que o ex-presidente Jair Bolsonaro não chegou a assinar nenhuma minuta de decretos de Estado de Defesa ou Estado de Sítio durante o período de crise institucional em que circulavam documentos sugerindo medidas extremas.
Segundo Cid, não houve qualquer assinatura por parte do então presidente, o que era motivo de constante preocupação por parte do comandante do Exército à época.
“O documento não foi assinado, senhor. Em nenhum momento foi assinado”, afirmou Cid, reforçando que havia temor dentro das Forças Armadas de que Bolsonaro pudesse assinar tais documentos sem o devido diálogo com o comando militar.
Ele destacou que o então comandante do Exército o convocava repetidamente, receando que o presidente tomasse decisões unilaterais.
“De certa forma, de todo aquele embrólho ali de pessoas, desses grupos que eu dividi, ele acabava sendo a voz mais lúcida que ia conversar, que dava um entendimento maior do que estava acontecendo.”
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, que participava da oitiva, classificou a pergunta feita como "excelente" e considerou a resposta de Mauro Cid "esclarecedora".
O delator confirmou que, além de Bolsonaro, também os ministros Anderson Torres (Justiça) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa) não assinaram qualquer minuta de decretação de medidas de exceção.
Fux destacou a importância desse momento no depoimento, dado o impacto das informações para as investigações em curso.