A deputada transsexual Erika Hilton (PSOL-SP) sugeriu, nas redes sociais, que Oruam, filho do traficante Marcinho VP, se engaje com movimentos sociais alinhados à extrema-esquerda.
Disse estar “à disposição” para “construir junto” com o rapper, que tem tatuado no braço o rosto de Elias Maluco, condenado pela morte do jornalista Tim Lopes, a quem chama de “tio”.
Oruam já foi preso por direção perigosa e por abrigar um foragido da justiça. Suas músicas fazem referência direta ao tráfico, e ele costuma exaltar o pai, líder do Comando Vermelho.
Essa aproximação não é isolada.
No Congresso, o PSOL tenta aprovar o projeto de lei 2709/2025, que impede vetos a artistas com base no conteúdo de suas obras. O texto é uma resposta à “Lei Anti-Oruam”, proposta para barrar contratações públicas de funkeiros ligados ao crime.
A defesa institucional a esse tipo de personagem repete o padrão adotado pelo partido com MC Poze do Rodo, preso em maio por associação ao Comando Vermelho.
Mesmo após o funkeiro admitir essa ligação, lideranças do PSOL, como Talíria Petrone e a própria Erika Hilton, classificaram a prisão como “racismo institucional”.
O discurso da legenda trata esses casos como expressões de uma “cultura periférica” supostamente perseguida pelo Estado. Mas, na prática, esse posicionamento pode fortalecer símbolos do tráfico, legitimando um discurso que romantiza o crime organizado.
Impopularidade Estrutural
A tentativa de transformar esses casos em bandeiras políticas contrasta com o sentimento popular.
Segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas, publicado em janeiro, 53% dos brasileiros aprovam a condução da Polícia Militar de São Paulo sob a gestão Tarcísio de Freitas, mesmo após episódios de violência policial.
No Sudeste, onde está a maior base eleitoral do PSOL, esse índice sobe para 60,4%. Entre os jovens de 16 a 24 anos, a aprovação ainda é de 47,7%.
Os números mostram que o eleitorado valoriza ações firmes de segurança pública, mesmo diante de denúncias de abuso.
A romantização do crime por parte do PSOL não encontra respaldo na maioria da população, que enxerga o tráfico como ameaça, não como “expressão cultural”.
Além da segurança, outras pautas prioritárias do partido também demonstram desconexão com o eleitorado.
Em São Paulo, pesquisas de 2024 indicaram que saúde e emprego lideravam as preocupações dos eleitores, enquanto cultura e questões identitárias recebiam menos de 10% das menções.