Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) anunciaram a descoberta de fósseis excepcionalmente preservados de dinossauros em Chapada dos Guimarães, no Distrito de Água Fria.
Os achados, datados de aproximadamente 80 milhões de anos, referem-se ao período Cretáceo Superior e incluem ossos articulados e semi-articulados, o que representa uma raridade no cenário da paleontologia brasileira.
Segundo o geólogo Rogério Rubert, professor da UFMT e um dos coordenadores da pesquisa, trata-se do fóssil mais completo já encontrado em Mato Grosso e possivelmente de todo o Cretáceo Superior no país. A equipe identificou restos de pelo menos dois dinossauros distintos: um terópode carnívoro, possivelmente um abelissaurídeo semelhante ao Carnotaurus, e um saurópode herbívoro de pescoço longo, parecido com os Titanossauros. Há ainda indícios de um terceiro animal, ainda não classificado.
Rubert destacou a relevância da descoberta não apenas pela raridade dos fósseis preservados em conjunto, mas também pelo potencial de detalhamento anatômico que ela oferece. “É muito raro encontrar ossos articulados ou próximos. Isso permite uma reconstrução muito mais precisa dos animais”, explicou. Ele relatou a emoção de ter sido um dos primeiros a identificar fragmentos do material já em 2018.
O processo de escavação é delicado e exige técnicas específicas para evitar danos aos fósseis. A extração envolve o uso de ferramentas manuais e instrumentos finos como pincéis e ferramentas de dentista. Em casos de blocos maiores, os fósseis são protegidos com bandagens de gesso antes de serem removidos para análise em laboratório.
A estimativa da idade dos fósseis foi feita com base na datação relativa de rochas vulcânicas próximas, que têm cerca de 84 milhões de anos. Essa proximidade indica que os fósseis teriam entre 80 e 82 milhões de anos.
O achado é considerado um marco na paleontologia nacional e já começa a atrair o interesse de pesquisadores internacionais. “É uma das melhores ocorrências do Cretáceo Superior no Brasil”, ressaltou Rubert.
A equipe planeja expandir as investigações para outras regiões de Mato Grosso que apresentem potencial paleontológico, como Guirantinga e o extremo nordeste do Estado, onde já foram encontrados fósseis de crocodilos da mesma era. No entanto, o avanço dessas pesquisas depende de financiamento e apoio institucional.
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