Uma testemunha fundamental nas investigações do escândalo de corrupção envolvendo as construtoras brasileiras Odebrecht e OAS no Peru foi encontrada morta no último domingo (29), em sua residência, no distrito de Miraflores, em Lima. A vítima é José Miguel Castro, ex-gerente municipal da capital peruana durante a gestão da ex-prefeita Susana Villarán (2011-2014).
Castro, que cumpria prisão domiciliar e colaborava com as autoridades como delator, era considerado pelo Ministério Público peruano a segunda pessoa mais importante na apuração do caso, atrás apenas da própria Villarán. A morte ocorre a menos de três meses do início do julgamento da ex-prefeita, marcado para o próximo dia 23 de setembro.
Segundo as investigações, Susana Villarán chefiou uma organização criminosa que teria recebido mais de 10 milhões de dólares (aproximadamente R$ 54,6 milhões) em propinas das empreiteiras Odebrecht e OAS. O dinheiro teria sido usado para financiar, de forma ilegal, a campanha contra o processo de revogação de seu mandato, em 2013.
O Ministério Público acusa a ex-prefeita pelos crimes de associação ilícita, conluio, lavagem de ativos, falsidade genérica e falsa declaração em procedimento administrativo. Em liberdade vigiada desde 2021, Villarán admitiu em 2019 que recebeu recursos das construtoras brasileiras, mas contesta o montante indicado pela acusação, afirmando ter recebido 4 milhões de dólares (R$ 21,8 milhões).
A morte de José Miguel Castro, cuja causa ainda não foi oficialmente divulgada, deve impactar diretamente o andamento das investigações e o julgamento da ex-prefeita, um dos episódios mais emblemáticos da extensão internacional dos esquemas de corrupção das empreiteiras brasileiras.