Por Sargento Wagner José dos Santos*
No dia 4 de julho de 2025, eu nasci de novo.
Sou policial militar há mais de duas décadas. Já vivi situações de risco, enfrentei ameaças, vi a morte de perto muitas vezes — mas nada se compara ao que vivi naquela tarde, no centro de Cuiabá, quando meu corpo colapsou e meu coração decidiu parar.
No início, achei que fosse apenas uma má digestão. Uma náusea forte, aquela sensação incômoda no estômago. Mas logo a dor se tornou intensa, aguda, irradiando para braços e pernas, acompanhada de tontura e queda de pressão. Caí de joelhos, sem conseguir pedir ajuda. Foi nesse momento, sozinho e ajoelhado no asfalto, que encarei uma das decisões mais importantes da minha vida: desistir ou lutar.
Tenho histórico familiar de infartos. Tomo remédios para pressão e arritmia há anos. Sabia que estava infartando. Mas naquele instante, não era a técnica que falava comigo. Era algo mais profundo — o amor pelos meus filhos, pela vida, por tudo o que construí. Me levantei. Entrei no carro. E mesmo com a dor me rasgando por dentro, dirigi até a UPA do Verdão. Sozinho. Em silêncio. Com fé.
Fui acolhido com rapidez, diagnosticado imediatamente, medicado e transferido para o Hospital Geral. A caminho da sala de cirurgia, recebi do médico uma frase que mudou tudo:
“Promete que não vai desistir? Eu não vou desistir de te salvar.”
Essa aliança selada na mesa cirúrgica se transformou em milagre. Uma artéria estava completamente obstruída, outra com 95%. A angioplastia foi urgente, dolorosa, feita com anestesia local. Senti tudo. A dor. O medo. E, ao mesmo tempo, a fé inabalável de que eu não estava sozinho.
Sou espiritualista, estudo o espiritismo e tenho profunda relação com Deus. Durante o infarto, vi luzes. Vi guias. Vi mãos que me conduziam e me diziam: “não tenha medo, você vai ficar.” E fiquei.
Estou vivo porque lutei. Porque fui atendido a tempo. Porque minha condição física ajudou. Mas, sobretudo, porque Deus me deu uma nova chance. Uma chance que não desperdiçarei.
Hoje, carrego uma missão: alertar, conscientizar, inspirar. O corpo fala. Ele avisa. Cabe a nós escutar. Se eu tivesse ignorado os sinais, talvez não estivesse aqui para escrever essas palavras. Façam exames, cuidem do coração. Da mente. E da alma.
Ainda tenho uma segunda cirurgia pela frente. A artéria com 95% de obstrução precisa ser tratada. O custo é alto, R$ 250 mil, e o SUS não cobre. Estamos buscando caminhos, estudando alternativas, confiando que a mesma força que me salvou continuará abrindo portas.
Sou pai de quatro filhos. Um servidor público. Um homem de fé. Sobrevivi a um infarto grave. E agora, mais do que nunca, vivo com propósito. Não vou parar. Não vou desistir.
Se este testemunho alcançar ao menos uma pessoa, e ela decidir se cuidar antes que seja tarde, já terá valido a pena.
Vida longa aos que acreditam, aos que lutam, aos que têm fé.
*Wagner José dos Santos é 2º Sargento da Polícia Militar de Mato Grosso, com 22 anos de serviço. Natural de Rosário Oeste (MT), é pai de quatro filhos, graduado em Redes de Computadores e especialista em Políticas Públicas de Segurança e Direitos Humanos. Atuou em patrulhamento ostensivo, projetos sociais na área da educação e, atualmente, integra a Escola de Formação de Praças da PMMT, como instrutor e coordenador na área de tecnologia e ensino. Sua trajetória é marcada pela dedicação à segurança pública e ao serviço à comunidade.
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