Com mais de 50 mil hectares cultivados e mais de um século de história no campo, o Grupo Cabrera, comandado pelo empresário e veterinário Antonio Cabrera Mano Filho, é um dos nomes tradicionais do agronegócio brasileiro. Filho de produtores rurais de São José do Rio Preto (SP), Cabrera esteve no centro do poder ao ocupar o cargo de ministro da Agricultura no governo Collor, aos 29 anos, e secretário estadual na gestão Mário Covas. Hoje, aos 64, sem partido, ele voltou ao debate público com críticas duras à condução do governo federal.
Em entrevista exclusiva ao Estadão, Cabrera não economiza nas palavras: afirma que a “maioria absoluta” das ações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é “contrária ao agronegócio”, acusa o chefe do Executivo de “reforçar a campanha internacional contra o agro” e diz que Lula “escolheu ficar do lado criminoso” ao se alinhar com o MST.
“O presidente não entende que os alimentos se tornaram uma questão de soberania e de poder. Não enxerga o futuro e, pior, atrapalha o presente”, dispara Cabrera.
Um dos pontos mais sensíveis da entrevista foi a reação à fala de Lula, no fim de 2023, sobre o uso de “muito veneno” na produção brasileira. Segundo Cabrera, a declaração foi irresponsável e repercutiu negativamente no exterior, prejudicando a imagem do país.
“A gente leva anos para conquistar um mercado internacional, e o presidente destrói isso em segundos com declarações infundadas. Não tem cabimento. Exportamos para mais de 230 países. Se tivéssemos veneno na comida, ninguém comprava.”
A COP-30 como oportunidade perdida
Cabrera também vê com preocupação a falta de protagonismo do Brasil na defesa da sua produção agroambiental. Ele afirma que o país deveria usar a COP-30, que será realizada em Belém, para mostrar ao mundo “um agro eficiente, sustentável e tecnológico”. Em vez disso, segundo ele, o setor tem sido “criminalizado” por uma narrativa ambiental enviesada.
“A Ferrogrão, por exemplo, é o maior projeto de descarbonização em curso no mundo. Vai tirar caminhões da estrada, reduzir o custo do frete em 30% e as emissões de CO₂ em até 77%. Por que não mostramos isso ao mundo?”
Cabrera critica países europeus como Alemanha e França por cobrarem sustentabilidade do Brasil ao mesmo tempo em que ostentam grandes extensões ferroviárias e usam boa parte do território para a agricultura.
“A Noruega usa 60% do seu território para produzir. Nós usamos 8%. Ainda assim, vêm aqui nos dar lição de moral.”
O empresário também rebate críticas sobre o uso de defensivos agrícolas, que prefere chamar de “tecnologias de proteção”. Para ele, a discussão sobre “veneno” na comida é baseada em desinformação. “O Brasil não está nem entre os 20 maiores consumidores de defensivos por hectare. Japão e Ilhas Maurício lideram essa lista.”
E completa: “Se fôssemos produzir tudo com orgânicos, precisaríamos de até 200% a mais de terras. Isso é insustentável. Quem quiser pagar mais por produtos orgânicos, que compre. Mas não podemos demonizar a agricultura que alimenta o mundo.”
Governo Lula, MST e segurança jurídica
Para Cabrera, a oposição do governo Lula ao marco temporal e a resistência à Ferrogrão são exemplos claros de políticas contrárias ao agro. Ele avalia que a recusa em adotar o marco aprovado pelo Congresso e a proximidade com o MST geram insegurança jurídica.
“O Lula fez uma escolha. E escolheu ficar do lado criminoso do agro, o lado que invade propriedades.”
Apesar das críticas, Cabrera reconhece a atuação “ponderada e técnica” do ministro Carlos Fávaro, a quem define como “única voz lúcida” dentro do atual governo.
Cabrera encerra a entrevista com uma reflexão sobre o cenário global. Para ele, o Brasil ainda não compreendeu o peso geopolítico da sua produção de alimentos em um mundo onde a segurança alimentar virou um tema de poder.
“Mais de 80% dos países do mundo são importadores líquidos de alimentos. A terra virou ativo político. O agro brasileiro é competitivo, não tem medo de importação, mas precisa ser defendido. E contar sua própria história, sem intermediários ideológicos.”
Benedito da costa 01/06/2025
O pessoal do Agro ainda não entendeu que o Lula e a corja que os acompanha, são socialista comunistas. Esse sistema é contra o progresso, contra a riqueza e a favor da macificaçao da pobreza onde ele controla que garante ele no poder
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