O solo é um recurso fundamental para a agricultura. Sua preservação é essencial para a produção de alimentos em quantidade e qualidade suficientes para abastecer o mercado interno e externo. E para os produtores rurais, o solo não é apenas chão, ele é patrimônio, é vida e o alicerce da segurança alimentar. No Dia Nacional da Conservação do Solo, celebrado em 15 de abril, é importante destacar os esforços de produtores brasileiros, especialmente os de Mato Grosso, que adotam práticas de manejo para protegê-lo e garantir a produtividade de suas lavouras.
A preocupação com a sustentabilidade é um compromisso que se reflete também no tamanho da área destinada à agricultura. Embora o país seja um dos maiores produtores agrícolas do mundo, a ocupação do solo é pequena em comparação com outras nações. De acordo com os dados de 2021 da Embrapa Territorial, a agricultura utiliza apenas 9% de todo o território nacional, enquanto 66,3% do país é coberto por vegetação nativa preservada.
Isso demonstra que, mesmo com o Brasil sendo um dos maiores produtores, a preservação ambiental segue sendo uma prioridade, com grandes áreas do território ainda mantidas em vegetação nativa.
Conforme o vice-presidente da entidade, Luiz Pedro Bier, os investimentos feitos pelos produtores rurais para o melhoramento contínuo de suas lavouras e uso sustentável do solo é o principal diferencial. “A agricultura brasileira com certeza é um modelo de agricultura eficiente e sustentável para qualquer nação do planeta. A Aprosoja Mato Grosso, ela tem se destacado nessa área com os CTECNOs, que são os nossos centros de pesquisa, onde a gente aprimora práticas de conservação, a gente estuda sobre quais são as melhores palhadas, qual é o retorno para o produtor com esse tipo de manejo, consequentemente, ampliando a produtividade e capturando mais carbono”, enfatiza.
Entre as técnicas mais utilizadas pelos produtores no Brasil, destaca-se a rotação de culturas e o plantio direto sobre a palha que são fatores essenciais para manter a biodiversidade do solo e a fertilidade a longo prazo.
De acordo com o vice-presidente sul e coordenador da Comissão de Defesa Agrícola da entidade, Fernando Ferri, a rotação entre soja e milho, por exemplo, sequestra mais carbono do que o cerrado nativo. E a inclusão de uma terceira cultura, como a braquiária, amplia ainda mais esse potencial.
“A gente trabalha com plantio direto na palha e isso possibilita também a gente fazer duas safras para o nosso clima. No CTECNO, a gente tem pesquisado várias plantas de cobertura que ajudam a agregar na nossa cultura principal, que é a soja e o milho. Já temos consórcios como milho com braquiária, milho com estilosantes, e vamos desenvolvendo novos métodos de agricultura. A braquiária ajuda a ciclar nutrientes do solo, como fósforo e potássio. O estilosante agrega nitrogênio, reduzindo a necessidade de adubação. A gente tem vindo numa onda de biológicos, que acrescentam à flora natural do ambiente e têm agregado muito em produtividade. O sistema radicular aumenta, a absorção também, e a microbiota do solo se desenvolve. Você vai aumentando a vida daquele solo, trazendo mais produtividade e rentabilidade”, explica Ferri.
Além disso, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) vem se mostrando eficaz na utilização mais eficiente da terra, ao mesmo tempo em que preserva as propriedades físicas e biológicas do solo e promove o equilíbrio ambiental.
“Quando você faz isso na rotação na soja e milho, você pega a soja crescendo, você sequestra carbono, você colhe a soja, você põe o milho, ele sequestra carbono. Então, isso sequestra mais que um cerrado, porém menos que uma floresta, porque o nível de quantidade de plantas e o porte de plantas de uma floresta é maior que do cerrado. Mas você faz sequestro de carbono, está comprovado já, e quando você agrega mais uma cultura no meio junto com o milho, com a braquiária, você faz mais um sequestro ainda, porque durante o ano você faz três safras. Então, depois que você colhe o milho, a braquiária ainda está crescendo e sequestrando carbono”, acrescenta Ferri.
Os produtores mato-grossenses, por meio da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT), buscam não apenas aumentar a produtividade, mas também garantir a sustentabilidade do setor produtivo. Em um estado que se destaca como o maior produtor de soja do Brasil, o manejo eficiente do solo é uma prioridade para os produtores, que enfrentam desafios relacionados a fatores climáticos, como a variabilidade de temperatura e do período de chuva ideal. Enquanto países como os Estados Unidos e os da União Europeia preservam menos de 20% de seus territórios, o Brasil mostra que é possível alimentar o mundo sem ocupar muita área. E isso só é possível graças ao produtor rural, que entende que cuidar do solo é cuidar do próprio futuro.