Mais um elemento macabro surgiu no caso do triplo homicídio em Itaperuna (RJ). Segundo o delegado Carlos Augusto Guimarães, o casal de adolescentes — uma menina de 15 anos, de Água Boa (MT), e o namorado de 14 — cogitou praticar canibalismo como forma de se livrar dos corpos dos pais e do irmão caçula do garoto, de apenas 3 anos.
“Não sei se iriam fazer isso realmente. Mas tem conversas ali que falam sobre comer corpos, mas isso não foi levado adiante”, afirmou o delegado em entrevista ao canal do jornalista Beto Ribeiro, no YouTube.
O crime aconteceu na madrugada de 21 de junho, enquanto Antônio Carlos Teixeira, de 45 anos, sua esposa, Inaila Teixeira, de 37, e o filho caçula, de apenas 3 anos, dormiam. Os três foram mortos com tiros na cabeça, no mesmo quarto. O revólver calibre .38 utilizado no crime estava registrado em nome do pai, que era CAC (Colecionador, Atirador e Caçador) e guardava a arma sob o colchão.
De acordo com a investigação, a motivação seria a proibição do relacionamento entre os adolescentes. O casal trocava mensagens com teor violento e perturbador. “Tinha troca de mensagens entre os dois, troca de mensagens com conteúdos absurdos, horrendos, macabros até, posso dizer. Que realmente indicavam a participação dela como pessoa que induzia, que instigava ele ativamente, remotamente e virtualmente”, disse Guimarães.
O adolescente foi apreendido em 24 de junho, após sua avó materna registrar o desaparecimento da família. Inicialmente, ele alegou que os pais haviam saído para levar o irmão ao hospital, após o menino engolir vidro. A mentira foi desmentida quando os investigadores, ao chegarem na casa, sentiram o odor de corpos em decomposição. O garoto, então, confessou o crime.
Segundo o delegado, o jovem demonstrou frieza e disse que não se arrependia dos assassinatos. “Disse que faria tudo de novo. Só demonstrava afeto pela namorada e por um tio.”
A adolescente foi conduzida à delegacia de Água Boa para prestar depoimento. Na ocasião, chamou a atenção dos policiais por segurar um urso de pelúcia. “Foi dito que ela teria levado um ursinho para o depoimento na Polícia de lá [de Mato Grosso]. Realmente, causa espanto em todos nós. Uma menina de 15 anos talvez nem brinque mais de ursinho. O que ela foi fazer com esse ursinho lá?”, explicou Guimarães.
“Profissionais que trabalham com isso sabem que isso é um subterfúgio utilizado para dizer quem é você. Pessoas que vão bem vestidas para o interrogatório, barba feita, isso tudo é técnica para mostrar que você não é nada de ruim. Você é uma pessoa de bem, acima de qualquer suspeita”, continuou o delegado.
Ainda conforme a investigação, o casal mantinha contato desde a infância, após se conhecerem em um jogo online, Fortnite. O relacionamento teria se intensificado há cerca de um ano. A polícia apura se a jovem premeditou os crimes desde o início do namoro virtual.
Os corpos das vítimas foram encontrados na cisterna da residência. O adolescente os arrastou até o local após os assassinatos. Ambos os suspeitos permanecem apreendidos e à disposição da Justiça.