O conselheiro do presidente Donald Trump, Jason Miller, voltou a provocar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao comentar nas redes sociais o anúncio do governo dos Estados Unidos sobre a imposição de restrições de visto a autoridades estrangeiras acusadas de censurar cidadãos americanos.
Na tarde desta quarta-feira (28), Miller publicou em sua conta no X (ex-Twitter):
“Compartilhe isso com alguém que lhe vem à mente imediatamente ao ler isto. Ok, vou começar… Olá @Alexandre!” — em uma tentativa de marcar diretamente o ministro, relacionando-o às novas sanções.
O gesto foi simbólico, já que Moraes desativou sua conta na plataforma em fevereiro de 2025, como confirmou à imprensa. Mesmo assim, a menção pública reforça o clima de hostilidade entre a ala conservadora americana, próxima de Trump, e o Supremo brasileiro.
A publicação ocorre menos de 24 horas após o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciar que o país passará a negar vistos a autoridades estrangeiras que participem de ações de censura contra americanos ou interfiram em redes sociais sediadas nos Estados Unidos, como X, Facebook, Instagram e WhatsApp.
Miller tem sido um dos principais articuladores dessa pressão. Em abril, ele já havia chamado Moraes de “a maior ameaça à democracia no Hemisfério Ocidental”, após uma entrevista do ministro à revista The New Yorker. Na ocasião, Moraes havia criticado o “novo populismo digital extremista” que, segundo ele, se desenvolve tanto no Brasil quanto nos EUA.
A postagem mais recente de Miller, embora feita de forma informal e provocativa, ocorre em um momento de crescimento da articulação política e jurídica nos EUA contra decisões do STF. O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem se reunido com congressistas republicanos para defender a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes — legislação que permite sanções individuais por violações de direitos humanos, incluindo restrições de visto e bloqueio de ativos.
Empresas de tecnologia, como Rumble e a Trump Media & Technology Group, também entraram com ações judiciais contra o ministro nos Estados Unidos, acusando-o de extrapolar sua jurisdição ao ordenar o bloqueio de contas de redes sociais vinculadas à direita brasileira, inclusive nos EUA.