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ECONOMIA Quinta-feira, 05 de Junho de 2025, 15:33 - A | A

Quinta-feira, 05 de Junho de 2025, 15h:33 - A | A

MERCADO FINANCEIRO

Alta do Ibovespa esconde realidade de poucas vencedoras no mercado

Apenas 40 das 87 ações do índice superaram seu desempenho no ano, reforçando padrão de concentração observado no Brasil e no exterior

Da Redação

 

O Ibovespa acumula uma alta de quase 12% em 2025, impulsionado pelo movimento global de aversão ao risco em meio à guerra tarifária entre Estados Unidos e seus parceiros comerciais. Mas, por trás desse avanço, esconde-se um detalhe pouco comentado: a maior parte das ações que compõem o principal índice da Bolsa brasileira não acompanha esse ritmo.

Levantamento da Economatica, feito a pedido do InfoMoney, revela que, das 87 ações presentes no Ibovespa, apenas 40 superaram o desempenho do índice no acumulado de um ano. E mesmo entre essas vencedoras, são poucas as que registraram ganhos realmente expressivos. Esse comportamento não é novidade e se repete em prazos mais longos — de três, cinco, 10, 15 e até 20 anos.

“Historicamente, uma pequena minoria das ações é responsável por quase todo o retorno positivo do mercado. A maioria acaba ficando estagnada, sendo adquirida ou até quebrando ao longo do tempo”, explica Rogério Lobo, professor de finanças do curso de Administração da ESPM.

Segundo ele, o Ibovespa carrega um viés de sobrevivência. Por ser formado pelas empresas mais líquidas e com maior valor de mercado, o índice exclui da conta aquelas companhias que quebram ou deixam de atender aos critérios para compor a carteira. Isso significa que o índice reflete apenas as sobreviventes e vencedoras do momento.

“Por isso, quando olhamos para os índices, vemos um movimento puxado principalmente por poucos vencedores, enquanto muitas empresas individuais geram prejuízos ou retornos medianos. Esse padrão não é exclusividade do Brasil e também aparece nos mercados dos Estados Unidos e de outras economias”, afirma Lobo.

Esse comportamento foi detalhado em estudo global do professor Hendrik Bessembinder, da Arizona State University. Analisando os retornos de 64 mil ações globais — incluindo 387 brasileiras — entre 1990 e 2020, o pesquisador constatou que menos da metade entregou retornos positivos no período. Mais impressionante: apenas 2,4% das empresas foram responsáveis por toda a criação líquida de riqueza no mercado de ações global, acumulando US$ 75,7 trilhões.

Ações que consistentemente superaram o Ibovespa

Mas, afinal, quem são essas ações locais que conseguiram, ano após ano, bater o Ibovespa? A lista inclui nomes que se destacaram pela consistência de resultados, solidez financeira e posição competitiva, mas também serve de alerta.

“Embora olhar o histórico possa ajudar a entender a resiliência da empresa em diferentes cenários, ele não diz tudo — e, muitas vezes, diz até pouco. O que realmente importa são os fundamentos atuais e as perspectivas futuras: capacidade de geração de caixa, posição no setor, qualidade da gestão, nível de endividamento e, claro, o preço pago pela ação”, alerta Ricardo Schweitzer, sócio-fundador da Garoa Wealth Management.

Para investidores, a mensagem é clara: não basta acompanhar o índice ou se empolgar com o desempenho passado de um papel. Num mercado onde poucas ações concentram os ganhos e muitas ficam pelo caminho, avaliar com profundidade os fundamentos de cada empresa segue essencial para evitar armadilhas e construir retornos sustentáveis.

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