Por trás de cada pote de mel, castanha, licor ou pasta de baru vendido no espaço "Armazém", há mais do que um produto típico: há histórias, memórias, biomas e famílias inteiras que vivem da terra. Criado pelo Sebrae Mato Grosso dentro da Feira da Agricultura Familiar e Turismo Rural (Feaftur), o Armazém tornou-se um ponto de encontro entre a tradição e o futuro da produção rural mato-grossense.

Para o apicultor José Catarino Mendes, produtor do Pantanal, o evento tem sabor de conquista: “É um momento especial para nós, pequenos produtores. A gente produz com cuidado, com amor, e agora temos espaço para mostrar isso”, disse ele com emoção enquanto apresentava seus produtos derivados do mel.

O Armazém é mais do que uma vitrine — é uma celebração da cultura alimentar do estado. No espaço, o visitante não apenas compra, mas mergulha em experiências sensoriais e narrativas sobre a origem dos alimentos. De queijos e doces artesanais a óleos vegetais e cafés orgânicos, tudo ali carrega o sotaque e a identidade dos biomas Cerrado, Pantanal e Amazônia.

Onde nasce o sabor, nasce também o desenvolvimento

A empresária Patrícia Lima, que trabalha com castanhas de baru e babaçu, relata que o suporte técnico e formativo do Sebrae transformou a sua relação com o próprio negócio. “Nos orientaram sobre rotulagem, precificação, gestão estratégica e até formas de contar nossa história ao cliente. Hoje, além de vender, a gente ensina sobre o valor do que produz”, explica.

Para ela, não se trata apenas de vender um produto. “É sobre valorizar o extrativista, o território, a cadeia produtiva inteira. O baru, por exemplo, é muito mais do que um fruto — é parte do Cerrado, da nossa ancestralidade.”

O papel do Armazém: da formação ao encantamento

Segundo Roberto Dahmer, diretor de Administração e Finanças do Sebrae/MT, o Armazém é a materialização de uma missão institucional. “Nosso objetivo é ajudar o produtor rural a alcançar autonomia. Aqui, ele se vê como empreendedor, porta-voz da biodiversidade, parte de uma engrenagem sustentável e cultural.”

A curadoria do espaço, feita com o cuidado de um empório rural, proporciona ao visitante degustações, harmonizações e apresentações dos próprios empreendedores. “A gastronomia não começa na panela. Ela começa na terra, na mão de quem colhe e transforma. O Armazém faz essa ponte entre o produtor e o consumidor encantado”, resume Beatriz Jardim, gestora estadual de Alimentos e Bebidas do Sebrae/MT.

Mais que comércio, um movimento cultural

Realizada pelo Governo do Estado de Mato Grosso, por meio da Seaf e da Empaer, com apoio do Sebrae/MT, a Feaftur integra a programação da FIT Pantanal e segue até domingo (08). Além da venda direta, os visitantes têm acesso a palestras, apresentações e roteiros turísticos que conectam gastronomia, turismo rural e cultura tradicional.

A valorização dos produtos nativos, como o mel do Pantanal, o baru do Cerrado e o babaçu das regiões de transição, projeta uma nova lógica de economia. Uma onde o pequeno produtor não é apenas incluído — ele é protagonista.

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