A BR-222, em Caucaia (CE), foi parcialmente interditada por indígenas Tapeba que protestam contra a paralisação de obras no trecho que corta sua comunidade. O bloqueio começou no início da tarde de segunda-feira (9) e se estendeu até a manhã desta terça (10), mobilizando cerca de 100 manifestantes em seu pico. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o fluxo foi totalmente liberado por volta do meio-dia.
A manifestação ocorreu na altura do km 17 da rodovia federal e teve como alvo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), responsável pela obra de duplicação da BR. A intervenção afeta diretamente cerca de 8 km da área onde vivem os Tapeba e está paralisada desde o dia 4 de junho — sem qualquer previsão de retomada divulgada até agora, segundo líderes da comunidade.
Descaso acumulado
Clarice Maria Ferreira, liderança local, afirma que a comunidade já aguardava, há mais de dois anos, o cumprimento de um compromisso de ressarcimento por parte do DNIT. O valor prometido deveria ser revertido em melhorias estruturais para os Tapeba. “Infelizmente tivemos que agir dessa maneira para que os indígenas possam ser vistos. Até agora, nada foi feito”, afirmou.
Entre os principais problemas enfrentados estão a ausência de ruas pavimentadas, iluminação pública precária e o traçado da rodovia, que obriga moradores a percorrer grandes distâncias por falta de retornos. “Precisamos andar mais de três quilômetros para voltar para casa”, disse o morador Paulo Augusto, que vive nas proximidades da BR.
Resposta oficial
Em nota ao Diário do Nordeste, o DNIT informou que já acionou a empresa responsável pela obra para retomar os serviços a partir desta terça-feira. A prioridade, segundo o órgão, é a liberação total do fluxo na rodovia, mas a autarquia afirma manter diálogo com a comunidade indígena.
“O DNIT mantém diálogo com o Governo do Estado, por intermédio da Secretaria dos Povos Indígenas do Ceará, no intuito de atender todas as solicitações das comunidades indígenas dentro da maior brevidade possível”, disse o boletim enviado à imprensa.
Enquanto isso, os Tapeba seguem cobrando o que consideram uma dívida histórica de atenção e respeito às suas necessidades básicas.