A rotina do advogado brasiliense Renad Langamer Cardozo de Oliveira foi completamente abalada após ter sua identidade usada por um estelionatário para aplicar o chamado “golpe do amor”. Durante quatro anos, um criminoso se passou por ele em aplicativos e redes sociais, enganando mulheres com promessas de relacionamento e pedidos de dinheiro. Uma das vítimas transferiu R$ 410 mil ao farsante.
O golpista utilizava o nome “Renato”, mas usava fotos reais e dados pessoais de Renad para convencer as mulheres. Pelo menos seis vítimas, de diferentes estados, relataram terem se envolvido virtualmente com o falso advogado e, em algum momento, feito transferências em dinheiro. O padrão se repetia: o estelionatário dizia estar apaixonado, criava vínculos emocionais e depois alegava precisar de ajuda financeira urgente.
Renad só descobriu o golpe em 2021, ao ser surpreendido por uma mulher que o cobrava por dívidas de um suposto namoro. “Neguei qualquer relação e, com o tempo, outras mulheres começaram a me procurar. Foi aí que percebi a gravidade da situação”, contou o advogado. Desde então, ele vem enfrentando cobranças, ameaças e até processos judiciais.
Uma das vítimas, do Maranhão, chegou a processar Renad para tentar recuperar o valor perdido. Segundo a mulher, o suposto “Renato” havia firmado um acordo de pagamento — documento que, na versão do advogado, foi completamente fraudado. “O acordo foi assinado digitalmente com um e-mail que não é meu. Nunca tive contato com essa mulher”, explicou.
Para tentar se proteger, Renad desativou suas redes sociais e registrou boletins de ocorrência nas delegacias de Taguatinga Sul e Brazlândia. Em um dos casos, chegou a receber áudios com ameaças. “Uma das vítimas dizia que viria ao meu escritório e envolveria meus pais. Foi desesperador.”
Além de se passar por advogado, o golpista sabia detalhes da vida de Renad, o que aumentava a credibilidade do personagem. “Ele usava informações reais sobre minha profissão, amigos e familiares. Isso tornava tudo mais convincente para as vítimas.”
A Polícia Civil investiga o caso, mas o estelionatário ainda não foi identificado. Enquanto isso, Renad segue tentando provar que também é vítima. “Estou há quatro anos lidando com algo que nunca imaginei enfrentar. Minha imagem foi usada para enganar pessoas, e eu ainda sou cobrado por isso.”