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POLÍTICA MT Segunda-feira, 09 de Junho de 2025, 08:00 - A | A

Segunda-feira, 09 de Junho de 2025, 08h:00 - A | A

"JUSTIÇA BLINDADA"

Nova Lei e delação premiada livram José Riva de condenações por desvios na Assembleia de MT

Mesmo com mais de 120 processos por corrupção, improbidade e lavagem de dinheiro, ex-deputado José Riva tem penas anuladas ou arquivadas graças à mudança na Lei de Improbidade Administrativa e ao acordo de colaboração premiada com o MPMT

Valéria Domingo

Réu em mais de 120 processos cíveis e criminais por suspeita de envolvimento no desvio de R$ 65,2 milhões da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), o ex-deputado José Geraldo Riva tem escapado de condenações graças à combinação entre mudanças legislativas e estratégias jurídicas. Apontado como o principal articulador de esquemas bilionários de corrupção no Parlamento estadual, Riva vem se beneficiando da nova Lei de Improbidade Administrativa e de um acordo de colaboração premiada para evitar responsabilizações mais severas.

 

Dois fatores têm sido cruciais para sua absolvição: o acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público e as mudanças promovidas pela Lei nº 14.230/2021, que reformulou a Lei de Improbidade Administrativa. Agora, para que um agente público seja condenado, é necessário que o Ministério Público comprove o chamado “dolo específico” – ou seja, a intenção direta de causar prejuízo ao erário.

 

Esse novo critério anulou diversas ações que antes se baseavam em provas documentais e indícios robustos de desvio de verbas públicas, mas sem demonstração da intenção dolosa.

 

Entre 1995 e 2015, período em que comandou a ALMT por quatro mandatos, Riva foi apontado como articulador de esquemas bilionários, como o da Sabia Distribuidora Ltda., empresa de fachada sediada em Várzea Grande que recebeu mais de R$ 1 milhão em recursos públicos sem entregar qualquer serviço.

 

Em uma das decisões mais recentes, a juíza Célia Regina Vidotti reconheceu o desvio de recursos via cheques assinados por Riva e pelo então deputado Humberto Bosaipo. No entanto, apenas Bosaipo foi condenado. Riva foi beneficiado pela delação premiada, embora o processo tenha confirmado que a empresa “jamais prestou qualquer serviço à Assembleia Legislativa, sendo utilizada unicamente como instrumento para viabilizar pagamentos indevidos”.

 

Desde que a nova lei entrou em vigor, em 2021, centenas de ações por improbidade foram reformadas, extintas ou consideradas improcedentes. O Supremo Tribunal Federal também reconheceu a retroatividade da nova legislação (Tema 1199), o que permitiu a revisão de ações passadas.

 

Promotores ouvidos sob reserva afirmam que, embora Riva tenha contribuído para desvendar o funcionamento do esquema de corrupção na Assembleia, ele também se blindou juridicamente: “Entregou todo o sistema de corrupção da ALMT, mas também se blindou juridicamente para escapar da maior parte das penas."

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