Os ministros das Relações Exteriores do Reino Unido, França e Alemanha — o chamado grupo E3 — devem se reunir nesta sexta-feira (20) com o chanceler do Irã, Abbas Araqchi, na cidade suíça de Genebra. O encontro busca abrir um caminho para a retomada da diplomacia em torno do programa nuclear iraniano, num momento em que os Estados Unidos consideram se unir a Israel em ofensivas militares contra alvos nucleares e balísticos do regime iraniano.
A reunião foi acertada após uma série de contatos telefônicos entre os chanceleres europeus, a chefe de política externa da União Europeia e o próprio Araqchi, em um esforço para impedir o agravamento do conflito e retomar algum nível de diálogo diplomático. Os europeus também coordenaram ações com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, mas, segundo diplomatas, seguem desconfortáveis com a condução americana e as recentes operações militares de Israel.
Em 12 de junho, o governo israelense lançou a chamada “Operação Leão Ascendente”, uma série de ataques contra instalações nucleares e bases de mísseis do Irã, o que inviabilizou as negociações diretas entre Washington e Teerã. "Os iranianos não podem sentar-se com os americanos, enquanto nós podemos", disse um diplomata europeu envolvido na articulação.
A expectativa para o encontro é baixa. Diplomatas admitem que dificilmente haverá um avanço concreto, mas reforçam que manter as conversas é crucial. “Vamos pedir a eles que voltem à mesa para discutir a questão nuclear antes do pior cenário, ao mesmo tempo em que expressamos nossas preocupações sobre seus mísseis balísticos, o apoio à Rússia e a detenção de nossos cidadãos”, afirmou outro negociador.
O Irã, por sua vez, condiciona o ambiente diplomático a um cessar dos ataques israelenses. "O Irã continua comprometido com a diplomacia como o único caminho para resolver disputas — mas a diplomacia está sob ataque", disse uma autoridade iraniana à imprensa internacional, cobrando que o E3 pressione Tel Aviv a interromper suas ações militares.
Antes da recente escalada, o E3 e os Estados Unidos haviam apresentado e aprovado no Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) uma resolução declarando que o Irã violou suas obrigações de não proliferação nuclear. Caso as negociações não avancem, autoridades europeias já cogitam levar a questão ao Conselho de Segurança da ONU no fim do verão europeu.
Apesar do temor por um colapso definitivo do acordo de 2015 — prestes a expirar em outubro — os europeus ainda evitam acionar de imediato o chamado mecanismo de retorno, que reimporia sanções da ONU. Segundo diplomatas, um prazo final para isso está sendo discutido para o fim de agosto.
“O Irã declarou repetidamente que desencadear a reimposição terá consequências sérias”, alertou a mesma autoridade iraniana, sinalizando que a janela diplomática segue aberta, mas frágil e sob intensa pressão militar e política.