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EDSON GUILHERME Terça-feira, 03 de Junho de 2025, 17:12 - A | A

Terça-feira, 03 de Junho de 2025, 17h:12 - A | A

moda

Rabanne se inspira no funk do Rio para criar sua coleção de verão

A Rabanne decidiu esquentar o verão com uma coleção inspirada diretamente no calor, nas cores e nos sons do Rio de Janeiro. Com o nome “Alto Verão 25 – Do pôr do sol ao nascer do sol”, a marca francesa apostou no funk carioca como fio condutor da nova campanha, revelada nesta quarta-feira (3). As imagens foram feitas na favela da Rocinha e misturam moda, música e praia com um toque europeu.

Crochê colorido, brilhos dourados, listras vibrantes, bolsas em formato de saco e até brincos com estética náutica compõem o visual da coleção. As peças foram criadas pelo diretor criativo Julien Dossena e trazem aquela pegada de look pós-praia com uma pitada de baile. A proposta mistura a leveza do litoral com o brilho das festas noturnas, transitando entre o dia e a madrugada com muita textura.

Beleza, crítica e desconforto

A estética chamou atenção, mas também levantou questionamentos. A campanha tenta homenagear a cultura dos bailes funk e o lifestyle das favelas cariocas, mas não agradou todo mundo. O criador de conteúdo Wes Xavier, por exemplo, usou as redes sociais para criticar o que chamou de “gentrificação estética”, levantando a questão: quem está no controle quando o assunto é celebrar a cultura periférica?

A comunicadora Carol Berto também entrou no debate. Para ela, o problema não é usar a estética da favela, mas sim o fato de que, quando feita por marcas globais, essa cultura vira tendência. “Se fosse criada por artistas da Rocinha, essa coleção teria o mesmo destaque?”, provocou em um post no Instagram.

Representatividade na produção

Um ponto positivo da campanha está nos bastidores. As fotos são assinadas por Melissa de Oliveira, artista visual nascida e criada no Morro do Dendê, no Rio. Ela já teve trabalhos expostos em Miami e é conhecida por retratar o cotidiano das favelas com verdade. Também faz parte do projeto o fotógrafo Bruno Machado, que captou a atmosfera das praias cariocas com seu olhar solar.

A direção geral é de Emmanuel Cossu, com nomes como Flávia Lafer, Alexia Niedzielski e Mari Stockler envolvidos na produção.

Entre o aplauso e o incômodo

A coleção da Rabanne é, sem dúvida, ousada. Mistura referências fortes da cultura brasileira com o olhar de uma maison europeia. Mas a recepção dividida mostra que, mais do que um editorial bonito, é preciso refletir sobre presença, protagonismo e quem está contando essa história. Celebrar o funk e a favela pode ser incrível, desde que feito com escuta, respeito e espaço para quem vive isso todos os dias.

No fim das contas, a moda continua sendo um espelho dos nossos tempos — e nem sempre esse reflexo vem sem questionamentos.


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