Durante entrevista ao Cidade Alerta, da TV Vila Real, na última quinta-feira (15), Lívia Nery, filha do ex-presidente da OAB-MT Renato Nery, afirmou não acreditar que o casal César Jorge Sechi e Julinere Goulart Bastos tenha atuado sozinho na orquestração do assassinato de seu pai. O crime ocorreu em julho de 2024, em Cuiabá, e é investigado como resultado de uma disputa de terras avaliada em cerca de R$ 50 milhões.
“Eu acho pouco provável que eles sejam os únicos mandantes. É uma terra que envolvia a família toda, e não apenas o casal. Ali passaram várias famílias. Então, acredito que outras pessoas colaboraram por trás. Isso é o que a gente acredita, não tenho como afirmar”, disse Lívia, ao comentar a complexidade do caso.
A disputa pela propriedade rural em Novo São Joaquim se arrasta desde 1988. O casal, apontado como mandante, foi preso em 9 de maio, em Primavera do Leste. César nega envolvimento no crime, enquanto Julinere ainda não prestou depoimento.
Na sexta-feira (16), o Ministério Público de Mato Grosso denunciou formalmente o policial militar Heron Teixeira Pena Vieira e o montador de móveis Alex Roberto de Queiroz Silva pelo homicídio qualificado de Renato Nery. Os crimes apontados incluem promessa de recompensa, perigo comum, dificuldade de defesa da vítima e sua idade avançada, além de fraude processual e organização criminosa. Heron também foi denunciado por abuso de autoridade.
Segundo o MP, os dois confessaram a execução do crime, que teria sido encomendado por R$ 150 mil — embora o combinado, inicialmente, fosse de R$ 200 mil. Ambos estão presos preventivamente.
Para Lívia, os valores citados não condizem com o nível de envolvimento de tantos suspeitos. “A vida do meu pai não tem preço, mas esse valor alegado, até agora, parece incoerente. Já são 10 pessoas presas. Dividir R$ 200 mil entre 10, não acredito que alguém tiraria a vida de uma pessoa por R$ 20 mil.”
Ela também demonstrou desconfiança sobre a influência e o poder do casal para mobilizar tantos envolvidos. “A investigação ainda está na metade. Acho que muita coisa ainda vai surgir. Não acredito que um casal com esse perfil teria influência para contratar tantos policiais e montar essa rede de execução.”
O advogado da família, Walmir Cavalheri, que era amigo pessoal de Renato Nery, também participou da entrevista. Ele confirmou que a área em disputa gira em torno de R$ 50 milhões.
O crime
Renato Nery, 72 anos, foi baleado no dia 5 de julho de 2024, em frente ao seu escritório, em Cuiabá. Ele chegou a ser socorrido e passou por cirurgia em um hospital da capital, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu no dia seguinte.